quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tática Defensiva no Ensino do Handebol I, Lucas Leonardo

Tática Defensiva no Ensino do Handebol I

6 Agosto 2008 por Lucas Leonardo

1. Porque ensinar a defender se ensinar a fazer gol é mais fácil?

Ensinar handebol, para muitos está diretamente relacionado com o ensinar a fazer gols arremessando de vários locais da quadra.

A postura de valorização das ações ofensivas quase sempre está relacionada ao fato de que é nesse momento do jogo que a maior realização e satisfação ocorrem, ou seja, a realização do gol. No entanto, essa não deve ser nossa única razão de atuar, pois caso contrário, uma fase de vital importância no processo de ensino-aprendizagem do handebol (e do desporto coletivo de maneira geral) acaba ficando em segundo plano, interferindo negativamente neste processo.Logo, muitos professores demoram por perceber que o ensino do handebol também deve permear a aprendizagem de princípios defensivos e que estes são determinantes para o processo norteador de ensino aprendizagem.

Defendendo melhor, os alunos geram maiores dificuldades de resolução de problemas sobre os jogadores que atacam. Estes por sua vez, ampliam as dificuldades de ação defensiva e assim por diante, numa perspectiva complexa, mostrando que o jogo não é apenas atacar, muito menos apenas defender, mas sim uma estrutura interativa de ataque e defesa, um jogo entre dois sistemas que estão ali para se desequilibrarem indefinidamente.

O processo de ensino-aprendizagem que defendemos neste espaço virtual tem como pressuposto metodológico básico a utilização do JOGO como elemento central para elaboração de planos de aula/treinamento.

Para isso, através dos jogos podemos adotar estratégias de ensino que não sejam ministradas apenas em detrimento do ensino do ataque sobre o pseudo-ensino de conteúdos estratégicos de defesa.

Cabe a nós, professores percebermos que alguns conteúdos defensivos podem e devem ser inseridos num contexto de ensino da modalidade.

De maneira geral, sem que haja grande aprofundamento em temas específicos como os tipos de defesa em zona (6×0, 5×1, 4×2, 3×3, 3×2x1, 1×5 e quantas variações um professor souber criar) e defesas mistas (5+1, 4+2, 3+3 e tantas outras variações), podemos, principalmente em se tratando de atividades para crianças de 8 a 12 anos, dividir didaticamente o ensino dos princípios defensivos em 3 focos de ensino:

1.1. Aprendizado dos Princípios Operacionais Defensivos (Bayer, 1992)

Os princípios operacionais defensivos são descritos por Bayer (1992) em 3 categorias: (a) Proteção do Alvo; (b) Impedir a Progressão da Bola e do Adversário em direção ao próprio campo, e (c) recuperação da posse de bola.

Com base nesses princípios, muitas atividades podem ser desenvolvidas, tendo o jogo como meio de aprendizagem.

1.2. Aprendizado de princípios de Defesa Individual

A estratégia defensiva individual é a mais fácil de ser aplicada, exatamente pela fácil compreensão do referencial do aluno que marca. Ela tem fácil apelo cognitivo e de cumprimento das tarefas, sendo geralmente a mais adotada livremente pelos alunos.

Organizando jogos que abordem ações defensivas individuais, alguns desdobramentos desse tipo de defesa podem ser adotados, para além da simples defesa individual, elaborando estratégias que tenham grande apelo coletivo, como as “trocas de marcação”, as coberturas, e os bloqueios defensivos.

1.3. Aprendizado de Princípios de Defesa Zona

O aprendizado da defesa zona não deve deter-se apenas ao ensino das defesas clássicas do handebol, mas sim à compreensão dos conceitos defensivos zonais, cuja característica básica é o forte apelo coletivo, de forma que “erros” individuais causam grandes problemas coletivos ao grupo. Porém, se trata de uma formação defensiva com maior capacidade de proteção do alvo, inibindo que jogadores apareçam “livres” com grande freqüência.

Alguns jogos podem trazer esses aspectos lógicos em evidência, contribuindo para que o os princípios defensivos da marcação em zona sejam amplamente vividos, além de auxiliar na conscientização do grupo de alunos para a importância coletiva defensiva.

2. Utilização de Jogos para o Ensino dos Princípios Defensivos

A partir dessas reflexões, iniciaremos uma série de artigos tratando desses três focos de ensino dos princípios defensivos, tendo o jogo como principal e essencial meio de ensino.