quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Teoria do Jogo – O Estado de Jogo Lucas Leonardo BR

Venho escrever sobre algo que vem sendo foco de meus estudos atuais (há pelo menos 1 ano, é verdade), que é a Lógica do Jogo, e no caso específico a lógica do jogo do handebol.

Tudo iniciou com conversas com o Prof. Rodrigo Leitão (um grande estudioso do jogo) em que ele me instigou muito sobre isso, me deixando com muita curiosidade de investir no estudo desse assunto, que rapidamente me levou à transferência desse conhecimento para o ensino do handebol.

Não é segredo para quem acessa esse site que considero o Jogo o principal meio de ensino contextual do handebol, pois é através do jogo que o aluno/atleta condiciona-se a responder às imprevisíveis necessidades que o jogo lhe exige quando atua numa partida. Existem muitas outras justificativas que me fizeram perceber no jogo um ambiente suficientemente capaz de garantir aprendizagem e isso pode ser buscado no site.

Clicando aqui você terá acesso aos principais textos que falam sobre a importância do jogo no processo de ensino publicados no site pedagogia do handebol.

Algumas das questões que sempre ouço quando realizo cursos e palestras (ou mesmo quando converso com companheiros de trabalho que não se sentem totalmente à vontade com o jogo enquanto meio de ensino) têm como eixos principais as seguintes dúvidas: “Como é que você tem certeza de que com o jogo o aluno/atleta aprende algo?” ou então “Você quer me dizer que se eu dou um joguinho qualquer meu aluno aprende mais do que se eu ensiná-lo como fazer um gesto técnico repetindo e aprendendo o padrão motor desse gesto?”

Minha resposta sempre é: “Depende!”

Quando alguém me ouve falando que “depende” deve imaginar que nem sempre realizar atividades que sejam descritas como jogos é a melhor forma de ensinar, e essa impressão é realmente verdadeira, porém, isso não siginifica que considero que haja outras formas melhores, vou explicar melhor abaixo.

Não basta, simplesmente, criar um joguinho e colocar seus alunos/atletas para jogar.

Sobre isso, gosto muito de uma afirmação que o professor Alcides José Scaglia faz em sua Tese de Doutorado quando ele conceitua jogo:

Antes de iniciar qualquer reflexão sobre o jogo e suas teorias, quero adiantar que o fenômeno jogo será aqui estudado na perspectiva de ser esse um sistema complexo, em que seu ambiente (contexto) determinará o que é jogo e não jogo, evidenciando a predominância da subjetividade em detrimento da objetividade (o estado de jogo). E é com este sentido de totalidade e complexidade, inseridos num ambiente que lhe é próprio, que procuro entendê-lo. (SAGLIA, 2003, p. 49)

O que ele quer dizer com isso? Vamos interpretar: ao dizer que o ambiente em que a atividade está inserida é que determina se essa atividade é jogo ou não, tendo ainda a dependência da predominância da subjetividade sobre a objetividade de quem joga, o autor nos mostra que mesmo que apliquemos uma atividade que se pareça com jogo, ela deve estar inserida no contexto em que a aplicamos, ou seja, deve ser significativa para quem joga e ainda deve garantir que ao jogar, nossos alunos/atletas tenham apenas no ato de jogar sua preocupação momentânea, prevalecendo o mundo do jogo sobre o mundo real. É o que Reverditto e Scaglia (2007) descrevem como o “jogo jogante”.

É isso mesmo pessoal! Para jogar, nossos alunos/atletas devem atingir aquilo o que o professor Alcides chama de “estado de jogo”, ou seja, o jogar plenamente, pois somente assim seremos capazes de garantir que ao jogar nosso aluno/atleta irá finalmente aprender. Tarefa nada simples para quem ensina o esporte, pois, se ao aplicar uma atividade que tenha “cara” de jogo, nosso aluno não jogar plenamente, ou mesmo se o jogo não for significativo para quem joga (não condiz com o contexto em que está inserido), não haverá aprendizado real. Por isso que sempre respondo: “depende!”

Já passei alguns problemas com isso. Algumas aulas que aplico, às vezes, não leva as atletas com qual trabalho para o estado de jogo. É realmente um fator difícil de controlarmos.

Quando minhas aulas têm esse problema, costumo parar a aula (ou chamar de canto a atleta – pois trabalhos com equipes femininas), conversar e entender o que está ocorrendo.

Geralmente há dois macro-fatores que levam a esse problema:

* A existência de algum problema extraquadra intervindo diretamente no dia de treino delas (já me deparei com pais em processo de separação, brigas com avós e tios, brigas internas entre as atletas, problemas na escola, algumas dúvidas sobre sexualidade e gênero – comum entre adolescentes – interferindo na entrega da aluna/atleta ao treino, entre outros fatores) que quando tratados de maneira aberta com o professor ou entre todos os colegas da equipe, possibilitam finalmente ao atleta desligar-se do mundo real (e seus problemas) e entrar no mundo do jogo.
* Elas me dizem que acharam o jogo chato, muito fácil ou muito difícil, levando-me a adaptar as regras do jogo, garantindo que o jogo seja adequado ao contexto que o aplico, levando as atletas a finalmente atingirem o estado de jogo necessário para que a aula se desenvolva de maneira normal e satisfatória.

Logo, como eu já escrevi em um artigo desse mesmo site em abril/2008 (clique aqui para ler o artigo), não basta ser jogo, pois ele deve ser significativo para que o joga.

Dessa forma, destaco a necessidade de entendermos o jogo enquanto metodologia e para isso faz-se necessário entender como garantir o estado de jogo (o jogar plenamente).

Espero que esse texto introdutório mostre que não basta aplicar um atividade que se pareça com jogo para falarmos que ensinamos pelo jogo.

Bibliografia

SCAGLIA, Alcides José. O Futebol e os jogos/brincadeiras de bola com os pés: todos semelhantes, todos diferentes. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação Física, Campinas, 2003. [clique aqui]

REVERDITO, Riller Silva & SCAGLIA, Alcides José. A gestão do processo organizacional do jogo: uma proposta metodológica para o ensino dos jogos coletivos. In. Motriz, Rio Claro, v.13 n.1 p.51-63, jan./mar. 2007

jogos Pedagógicos- Lucas Leonardo

Jogos de Desmarque em Marcação Individual


Quem pensa que jogar com marcação individual é coisa somente de time grande, jogadores experientes e ainda por cima, coisa a ser feita apenas para anular os melhores jogadores de uma determinada equipe está plenamente enganado.

Jogar com marcação individual é na realidade um saber típico da iniciação ao handebol, pois através da marcação individual os alunos/atletas iniciantes podem vivenciar no momento em que joga tarefas bem definidas, o que facilita o cumprimento dessas tarefas, além de aprenderem a lidar com as referências bola, alvo a proteger e adversário de maneira que consiga entender como proteger seu gol, buscar recuperar a bola de seu adversário.

Se ao marcar individual ele esquecer-se, por exemplo de proteger seu gol, estará falhando em sua tarefa; se deixar de buscar a bola, dificilmente terá êxito em seu papel de defensor; e caso perca a referência de seu atacante (adversário) direto causará falha na estrutura defesiva de sua equipe.

Logo, jogar marcando individualmente possibilita saber lidar com as referências básicas do jogo, da mesmo forma que jogar contra uma marcação individualizada permite aos atacantes terem acesso a meios táticos individuais elementares para que se possa jogar bom o handebol como forma de solucionar os problemas do jogo.

Desmarcar-se é um desses meios táticos que considero elementares para que se joga handebol ofensivamente, ao lado dos apoios (ajudas para receber a bola) e das penetrações em espaços vazios.

Destaco hoje o “desmarque” pois essa ação possibilita o acesso às duas ações anteriores, pois quem se desmarca pode criar uma situação de apoio, ou mesmo penetrar defesa à dentro.

Porém, para aprender a se desmarcar não basta simplesmente falar: “Vamos lá, se desmarquem!”; torna-se necessário possibilitar que os alunos/atletas vivenciem essa habilidade de forma desafiante, tendo no ato de desmarcar-se algo necessário e importante para que o jogo ocorra.

Uma forma interessante de trabalhar as noções do desmarcar-se é sempre ter em um jogo alguém com posse de bola e alguém sem essa possa sendo marcado por pelo menos mais uma pessoa.

Construirei abaixo uma sequência de 3 jogos que orientem de forma pedagógica as noções de desmarcar-se em por consequinte, de omo marcar bem individualmente.

Jogo 1 – 1×1 sem limite de quadra

Dividindo sua equipe/turma em trios, você cria um jogo no qual um jogador com bola deve passar a bola para um jogar que é marcado individualmente por outro jogador.

O jogador com a bola não pode movimentar-se, facilitando a defesa na sua ação de marcação do atacante que tenta recebê-la e por sua vez, dificultando muito a ação do jogador que está sendo marcado.

Só há uma chance para acertar o passe. Caso o passe seja certo ou errado há o rodízio dos jogadores.

Caso o passe seja errado ou a defesa consiga interceptar o passe, o jogador que defende ganha 1 ponto.

Caso o passe chegue ao jogador que quer se desmarcar, ele ganha 1 ponto e o passador também ganha 1 ponto.

O jogo não possui referências como gol a proteger/atacar, o que simplifica o jogo exclusivamente na ação de marcar/desmarcar.

Depois que o jogo acabar, o jogador que marca será o atacante, o atacante será o passador e o passador será o marcador.

Jogo 2 – 1×1 com áreas alvo

O jogo possui a mesma dinâmica do jogo anterior, porém agora ao receber a bola, o jogador que ataca tenta levá-la para áreas alvo que podem ser delimitadas por arcos distribuidos na quadra, que serão compartilhados por todos os jogadores que tentam atacar e são marcados.

O ponto do ataque só será computado agora se a bola chegar à área alvo depois de ser recebida (ela deve ser levada até a área e não pode ser lançada)

Jogo 3 – (2+goleiro)x(2+goleiro) em Meia Quadra com trios de fora

O jogo obedece às mesmas regras do jogo anterior, porém, agora só será considerado ponto o gol feito.

O goleiro com bola tem a função do passador e os dois jogadores de sua equipe tentam desmarcar-se dos adversários.

Caso o goleiro erre o passe ou a defesa intercepte o passe, sai outra bola com o goleiro adversário, que agora será o passador.

Caso saia um gol, a equipe ganha 1 ponto e tem nova chance de atacar com bola saído novamente pelo goleiro.

A estrutura do jogo deve ter 2 áreas exclusivas dos goleiros, onde somente eles podem entrar, dois gols (que podem ser gols oficiais caso haja a possibilidade de usá-los ou então gols demarcador com cones (nesse caso é importante que o professor direcione o que foi e o que não foi gol).

O rodízio de jogadores deve ser feito a cada 5 tentativas de ataque de cada equipe, sendo as trocas dinâmcas, sem que haja parada do jogo, criando sobre os jogadores de fora a necessidade de estarem atentos ao jogo o tempo todo.

Caso já haja especialização dos goleiros, eles deve ser colocados nas suas funções. Caso não haja essa especialização (em grupo iniciantes, por exemplo) os jogadores podem rodar suas posições ao longo do jogo.

* Essa mesma organização de jogo pode ser feita no (3+goleiro)x(3+goleiro), (4+goleiro)x(4+goleiro) e etc..

Conclusões e Observações:

Essas são apenas algumas ideias que podem ser empregadas para a aprendizagem do “desmarque” e, por emergência do ato de desmarcar-se, também a ação da defesa individual.

Para forçar a organização defensiva individual, pode-se organizar os jogos em que haja grupos (2×2, 3×3 e etc..) de forma que cada passe já tenha o valor de 1 ponto assim como o gol também vale 1. Dessa forma, a defesa terá que se organizar para não permitir que a bola seja transmitida entre os jogadores.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Estratégia global"

"Estratégia global"
Recebi este e-mail de um treinador a quem desde já agradeço a amabilidade, que levanta algumas questões de fundo importantes do nosso Andebol e que por si só podem sugerir algumas reflexões.

***

Aproveitava para lhe dizer que penso que o seu blogue pode ser uma mais-valia. A sua notoriedade e credibilidade emparelhadas com o potencial da internet, podem facilitar e promover a discussão séria entre todos os intervenientes da modalidade.

Achei extremamente interessante o debate acerca da defesa na iniciação. É realmente uma discussão importante e útil, que tem o ónus positivo de não ter uma forma correcta de resolução. Mas o assunto que me traz aqui é outro e espero que ele seja válido para este espaço. Sem qualquer tipo de desprimor pelas questões puramente técnicas, acho que urge, no seio do andebol português, uma discussão mais indispensável e que não sei exactamente como chamar e explicar (talvez: estratégia global)
Vamos ver se me consigo fazer entender. Elaborei uma lista de alguns problemas que afectam o sucesso do nosso andebol pela negativa.

Aspectos de Gestão

1 - O problema da “demografia” dos clubes em Portugal.
2 – A falta de estruturas directivas e técnicas na maior parte dos clubes.
3 – A insuficiência de infra-estruturas e a não elaboração de estratégias de resolução.
4 – Problemas económicos e estratégias financeiras.
5 – Instabilidade Política (diferendo entre Federação e Liga Profissional; regras técnicas e faixas etárias)
6 – Desistência de talentos pela não existência de uma carreira profissional que lhes permita a sobrevivência.
7 – A não existência de um órgão de consultadoria dentro da federação que oriente os clubes para resolverem os seus problemas.

Aspectos técnicos

1 – A não existência de todos os escalões na maior parte dos clubes; a quase total inexistência dos escalões de minis e Bambis.
2 – Primeiras divisões nacionais nos escalões de formação de Juvenis e Juniores sem jogadores de qualidade antropométrica.
3 – A não existência de regras que obriguem os treinadores nos escalões de Minis, de infantis e de iniciados a utilizar todos os atletas inscritos ao jogo.

Estes são alguns dos temas fundos da nossa realidade, em minha opinião, e preocupa-me a suspeição de que não exista um projecto estratégico, interdisciplinar e competente, que se proponha a resolver estas debilidades, nem que seja, a longo prazo.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Defesa na Iniciação na Dinamarca,Paulo Pereira

Aproveitando o facto de ter estado em Lisboa no I Seminário Internacional organizado pela Formand e que teve lugar na Universidade Lusófona, gostaria de abrir um debate no sentido de perceber o que opinam os visitantes do blogue. Não sendo um tema nada novo, acaba por ser sempre actual, já que parece que as diferentes opiniões acerca da matéria tornam difícil encontrar o melhor caminho. Ulrik Jørgensen, responsável pela formação de Treinadores da Danish Handball Association desde 1997, abordando a metodologia utilizada nos diferentes escalões etários ao longo da sua formação, refere que as competições ao nível do escalão infantil decorriam num sistema de 5+1 contra 5+1.

Para os companheiros Dinamarqueses, o jogo 5X5 tem como objectivo reduzir o número de defensores próximo da linha de 6m ao mesmo tempo que permite uma circulação de bola facilitada aos atacantes, já que os defensores se encontram entre os 6 e os 9m preferencialmente. Neste escalão, eu sou defensor de um sistema a duas linhas com característica de funcionamento correspondente ao sistema 3:3 onde se possam observar sobretudo a aplicação de conceitos básicos de defesa ao nível do jogo 1X1 e 2X2. Os meios técnicos e tácticos que devem estar em evidência são sobretudo, a posição de base, o deslizamento, a troca de marcação a cobertura e a ajuda.

Sabemos que existem outros não menos importantes, mas se conseguirmos ver reproduzidos os que referi, creio que podemos ter melhores defensores no futuro. Provavelmente poderei até estar a ser demasiado ambicioso.
Mas voltando à proposta Dinamarquesa, e pensando nas vantagens e desvantagens de utilizar nestas idades um dispositivo defensivo mais ou menos profundo, com uma ou mais linhas defensivas, provavelmente colocando menos defensores, e consequentemente aumentando o espaço atribuído a cada jogador, poderemos atingir não só objectivos destinados aos defensores como também aos atacantes.

Todos percebemos a qualidade ao nível do passe dos Nórdicos, será esta também uma das razões que conduzem à obtenção dessas competências? Deveríamos entre nós adoptar medidas semelhantes aproveitando os bons exemplos?

Fica o debate em aberto!

De onde vem a inteligência Nelson Marques

De onde vem a inteligência

A capacidade de raciocínio é um puzzle complexo que mistura componentes genéticos e o ambiente onde crescemos. Leia aqui as respostas às perguntas inteligentes.


Imagem microscópia de neurórios
Colin Anderson/ Getty Images
Resolver uma equação. Compor uma sinfonia. Escrever um romance. Ganhar uma partida de xadrez. Inventar a cura para uma doença rara. O que têm todas estas situações em comum? São átomos de uma anatomia complexa: a inteligência. E, contudo, não me lembro da última vez que resolvi uma equação, não me sinto capaz de compor uma sinfonia, não me interesso pelo xadrez, sinto-me ainda longe de escrever um romance e muito mais ainda de encontrar a solução para uma doença rara. Nunca tinha pensado nisto desta forma e começo a ficar inquieto: serei menos inteligente do que pensava? Como podemos aferir a nossa inteligência?
Para responder a estas questões precisamos dissecar primeiro o conceito: o que significa, afinal, ser inteligente? O neuropsicólogo Nelson S. Lima, director do Instituto da Inteligência em Portugal, define a inteligência como "um conjunto complexo de habilidades mentais diferenciadas que permitem o saber pensar, fazer escolhas, decidir e agir com êxito nos desafios da vida". Ser inteligente, explica ao Expresso, é ter a capacidade de "enfrentar e resolver as exigências e problemas decorrentes da nossa interacção com os outros". Nesse sentido, mais do que falar em inteligência, faz sentido admitir a existência de diversos tipos de inteligência, como a inteligência social ou a inteligência lógico-matemática.
A associação da inteligência ao funcionamento do cérebro impõe uma outra questão: será a inteligência inata? "A participação dos genes na construção do sistema de nervoso, tal como acontece no resto do organismo, permite concluir que as estruturas cerebrais que estão envolvidas nas actividades do pensamento, da criatividade e da aprendizagem recebem uma forte influência genética", admite Lima.
Contudo, sozinhos, estes fundamentos biológicos não são suficientes para resolver o puzzle da inteligência. "É a interacção do indivíduo com o meio, de onde recebe uma enorme carga de estímulos, que vai decidir sobre a expansão e a funcionalidade dos recursos mentais que intervêm no exercício da inteligência", revela. Mais do que inata, a inteligência é, por isso, "educável". Desenvolve-se ao longo da vida através de várias actividades que a estimulam.
O genoma, o ambiente e a comida


Ilustração Bob Soule/Getty Images
Ainda que a alquimia da inteligência permaneça em grande parte um mistério, há dois ingredientes que sobressaem: a genética e o ambiente. Primeiro a biologia, depois a cultura ou a educação. "Os reflexos biológicos iniciais ganham um significado na interacção com o outro, sendo esse significado interiorizado e dando origem ao pensamento e à linguagem, duas das formas de expressão da inteligência", explica Leandro S. Almeida, psicólogo e autor de várias publicações e testes psicológicos na área da inteligência, aprendizagem e treino cognitivo.
"Qual das componentes é mais importante? É uma falsa questão", responde o biólogo da Universidade de Coimbra Hamilton Correia, que se tem dedicado ao estudo da inteligência e da sua importância na salvaguarda da espécie. "Se uniformizarmos os factores ambientais, então o que vai determinar a diferença de inteligência entre as pessoas é sobretudo o genoma. Se uniformizarmos a componente genética, então o que irá distinguir os indivíduos em relação à inteligência serão os factores ambientais". O biólogo dá um exemplo: "Imagine que existiam dez bebés clones, com a mesma constituição genética. A partir deles podemos 'criar' dez indivíduos com uma diferença abismal nos resultados dos testes de QI. Isto porque os factores ambientais variaram significativamente entre eles durante o desenvolvimento." Por exemplo, o tipo de alimentação durante os três primeiro anos de vida é fundamental para o "desenvolvimento da inteligência".
A importância da mãe
Muito menos consensual é a teoria do antigo inspector das escolas públicas britânicas Chris Woodhead, que no seu mais recente livro, "The Desolation of Learning" ("A Desolação da Aprendizagem", numa tradução literal), coloca todo o peso da balança da inteligência no comportamento dos genes. Segundo o autor, os rapazes e as raparigas tendem a ser mais inteligentes se forem filhos de professores, advogados ou académicos. Quem foi menos bafejado pela genética será pouco inteligente, mesmo que tenha a melhor educação do mundo. "Porque é que temos a pretensão de pensar que conseguimos tornar uma criança mais inteligente do que aquilo que Deus a fez?", perguntou durante uma entrevista ao diário britânico "The Guardian".
Ainda que o determinismo da polémica teoria de Woodhead esteja ultrapassado pelo compromisso que existe hoje na comunidade científica entre o papel do inato e do adquirido na inteligência, é inegável a influência da genética no desenvolvimento cognitivo e intelectual. "Parece existir um conjunto de genes directa ou indirectamente relacionados com algumas hormonas que funcionam como factores de crescimento e de desenvolvimento dos neurónios", revela Hamilton Correia. "A actuação destas hormonas, conhecidas como neuroesteróides, sobretudo durante a gestação e nos primeiros anos de vida, irá influenciar em grande medida a capacidade cognitiva dos indivíduos." O biólogo salienta ainda a existência de alguns genes relacionados com os neurotransmissores que influenciam a velocidade de transmissão do impulso nervoso e, consequentemente, "a rapidez de processamento de informação - uma das vertentes da inteligência".
Segundo Correia, a influência da hereditariedade na inteligência faz-se sentir sobretudo pelo lado da mãe. "A maioria dos genes descobertos que quando mutados dão origem a deficiências cognitivas encontram-se no cromossoma X. Por outro lado, existem algumas hormonas (sobretudo androgénios) que estimulam o crescimento e ramificação dos neurónios. Ora, o gene RA (gene do receptor dos androgénios) que se encontra no cromossoma X possui um efeito significativo na velocidade de transmissão neuronal e, portanto, na inteligência. Por esta razão, o sexo feminino é mais importante que o sexo masculino na transmissão da inteligência para a geração seguinte".
Este facto explica uma realidade que pode parecer surpreendente: segundo um estudo realizado pelo biólogo no Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra, "os homens tendem a casar com alguém mais inteligente que eles, pois terão mais probabilidades de terem filhos inteligentes". Ainda que o façam inconscientemente, a inteligência acaba por ser um importante critério de selecção sexual na espécie humana.
Hamilton Correia acredita que os avanços no estudo dos genes ligados à inteligência poderão permitir estimular a expressão desses genes e, desse modo, influenciar positivamente o desenvolvimento cognitivo. "Existem algumas biomoléculas que podem potenciar significativamente a inteligência estimulando os factores de crescimento do tecido cerebral. Este fenómeno será tanto mais importante quanto mais precoce for em relação ao desenvolvimento do indivíduo." O investigador está já a estudar os efeitos de algumas dessas moléculas no aumento da inteligência humana, mas ainda não foram revelados os resultados.
"O QI é um teste de burrice"
Mas o que faz ao certo uma pessoa mais inteligente que a outra? Como se faz essa avaliação? A ferramenta mais familiar são os testes que medem o quociente de inteligência (QI), mas mesmo estes não são consensuais. Mário Cordeiro, pediatra, pai de cinco filhos, consultor do Conselho Nacional de Educação, e autor de "O Grande Livro do Bebé", "O Livro da Criança" e "O Grande Livro do Adolescente", é feroz na crítica. "O QI é um teste de burrice... de quem o aplica pensando que está a avaliar alguma coisa. O 2+2, sozinho, não serve para nada. Daniel Goleman e António Damásio, entre outros, foram os que mais directamente mostraram a falência desse modelo e dessa forma de pensar."
Não há uma inteligência racional, sustenta Cordeiro. Há sim "capacidades várias de responder a situações novas, a problemas complexos, a questões nunca antes resolvidas". Uma inteligência com várias facetas ou, então, várias inteligências, diferentes peças nesse puzzle complexo que é a capacidade de resolução de problemas. A alquimia perfeita não inclui apenas a Razão, a informação, o conhecimento ou a lucidez. "É preciso também a Emoção, repleta de sentimentos, circunstâncias e contextos." A evidência, sublinha o pediatra, é óbvia: a maioria das situações que uma pessoa precisa de resolver ao longo da vida são "de natureza social, de cidadania, de respostas afectivas, de estratégias várias".
"Não há pessoas mais inteligentes"
Por isso, "não há pessoas mais inteligentes do que outras". Há sim pessoas que, por razões individuais, familiares, sociais ou de privilégios vários, tiveram a hipótese de desenvolver as várias facetas da sua inteligência. "Muitas crianças não têm essa hipótese, por razões familiares, desinteresse dos adultos, escolas abaixo de cão, professores doentiamente desinteressados (a não ser na questão da sua avaliação, o que já consumiu três anos lectivos) e um sistema de ensino caduco e ultrapassado com um ministério napoleónico quase patético." A estes factores acrescem as desigualdades sociais e económicas, "que são das maiores causas dessas diferenças".
Mais do que uma mera questão de QI, o insucesso escolar, alerta Cordeiro, é sobretudo um sintoma de disfunção na vida da criança, que pode começar logo na gestação. "Há factores, um dos quais a ingestão de álcool durante a gravidez, que podem causar dificuldades escolares". Outras causas, acrescenta o pediatra, incluem dormir mal, ter um ambiente desestabilizador em casa, ser pobre, ter frio, fome ou viver sem espaço vital habitacional.
"O que interessa é que todos temos talentos, capacidades, mais-valias, e que não é o QI que as mede, mas a assertividade, a resiliência, a força do querer, a vontade do aperfeiçoamento, a humildade de saber que não se sabe tudo mas que se pode saber um pouco mais, abrindo a porta também a mais ignorância que estimulará novas abordagens e pesquisas."
O neuropsicólogo Nelson Lima concorda. "Aquilo que faz uma criança revelar-se mais inteligente do que outra deve-se mais ao aproveitamento que saiba fazer dos seus recursos (capacidade de aprender, de motivar-se e de agir no e sobre o mundo) do que a mera exibição de raciocínios brilhantes."
Texto publicado na edição do Expresso de 15 de Agosto de 2009

A importância do desporto na vida dos jovens.

A importância do desporto na vida dos jovens.
Uma explicação para os pais

Valter Pinheiro*
Armando Costa**
Mário Joel***
Pedro Sequeira****
*Professor de Análise do Processo de Ensino em Educação Física no ISCE
**Professor de aprendizagem motora no ISCE
***Institut National de Educació Física – Lleida
****Professor Doutor da Escola Superior de Desporto de Rio Maior
(Portugal)


Resumo
O presente artigo tem como objectivo promover nos pais dos jovens atletas uma postura mais positiva perante o desempenho desportivo dos filhos. São referidos os principais objectivos a atingir no desporto com jovens. São também dados alguns conselhos aos pais de como abordarem algumas das temáticas mais polémicas do desporto infanto-juvenil.
Unitermos: Desporto infanto-juvenil. Espírito desportivo. Benefícios do desporto.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008


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1.Introdução
Existe a crença generalizada de que fazer desporto faz bem à saúde das crianças. Por isso, são cada vez mais os pais que apostam no desporto como forma de ocupação dos tempos livres dos seus filhos, pois reconhecem que este veicula um conjunto de valores e virtudes.
Contudo, alguns investigadores nesta área, colocam em causa os benefícios da prática desportiva, ou seja, fazer Desporto tanto pode ser bom, como pode ser mau; depende sobretudo da experiência vivida pelas crianças. Quer isto dizer que não basta colocar as crianças a frequentar uma qualquer actividade desportiva para que elas beneficiem dessa mesma prática. A qualidade da prática é o mais importante. De seguida, passaremos a explicar as possíveis virtudes do desporto

2.Benefícios do desporto
Realizar exercício físico, seja em que idade for, pode trazer um conjunto de benefícios, não só a nível físico, como psíquico e social.
A nível físico é sabido que o desporto ajuda no combate à obesidade, reduz o risco de doenças cardiovasculares, fortalece músculos, ossos e articulações.
A nível psíquico, eleva a auto- estima dos praticantes, pois este desenvolve um conjunto de habilidades que antes não possuía e melhora o seu aspecto físico, tendo consequentemente uma melhor imagem de si.
A nível social, o Desporto assume-se como um lugar privilegiado para se realizarem laços sociais de amizade, permitindo a partilha de sentimentos e dando ao indivíduo a sensação de pertença a um grupo.

Por tudo aquilo que se acaba de explanar, fica bem patente a importância da prática desportiva para o pleno e harmonioso desenvolvimento das crianças.

3.O Desporto para jovens e crianças
O desporto para crianças e jovens é hoje organizado e orientado tendo como modelo a prática desportiva dos adultos. Quer isto dizer que os vícios próprios do desporto para os adultos, invadem hoje a prática desportiva dos mais jovens. Um olhar mais atento sobre o desporto para jovens permite-nos verificar um quadro profundamente negro, alicerçado em atitudes incorrectas de treinadores, atletas e pais. É normal verem-se pais a dirigirem todo o tipo de impropérios aos árbitros, treinadores que tratam as crianças como se estas fossem profissionais e jovens atletas utilizando um vocabulário de todo reprovável. Estes acontecimentos fazem-nos levantar algumas questões às quais importa responder:
•Quais os objectivos do desporto para jovens?
•Qual a importância dos pais na obtenção dos objectivos?
O Desporto de jovens de ter como objectivos fundamentais:
A aquisição de valores, pois o desporto é um contexto propício a essas aquisições.
No Desporto o seu filho pode aprender:
•O Valor da saúde, pois a prática desportiva apela à adopção de um estilo de vida saudável;
•O valor da cooperação, pois num desporto de equipa só se conseguem atingir os objectivos quando todos unem esforços em torno de um projecto comum;
•O valor do respeito, ou reconhecer que todos erram e que o mais importante é apoiar os colegas nos maus momentos, para que os colegas façam o mesmo;
•O valor da Amizade, pois a prática desportiva favorece a possibilidade de se fazerem amigos;
•O valor da justiça, recusando vantagens injustificadas e reconhecendo no adversário um elemento indispensável sem o qual não há competição;
•O valor da Multi-culturalidade, pois na prática desportiva, os mais jovens partilharão o mesmo espaço com crianças de diferentes meios económicos e culturais, contribuindo para o respeito pelas diferentes culturas;
•O valor do Empenho, pois aprenderão que para se atingir um determinado objectivo é necessário, muito trabalho, esforço e dedicação, sem os quais nunca obterão sucesso;
•O valor da Derrota. O desporto ensina as crianças a compreenderem que a vida se faz de sucessos e insucessos e que é importante aprender com os insucessos que vão surgindo ao longo da vida.
Contudo para que isto seja possível, o papel dos pais é determinante.

4.Por isso, dirigem-se aos pais os seguintes conselhos:
•Explique ao seu filho que perder não significa fracasso. A derrota é uma consequência lógica de quem pratica desporto, pois existem sempre 3 resultados possíveis: ganhar, empatar e perder. Além disso, a derrota permite-nos reflectir acerca dos aspectos onde devemos melhorar;
•Refira-lhe que a vitória é um estado transitório, ou seja, se hoje ganhamos, é possível que amanhã percamos. Quer isto dizer, que deve ensinar o seu filho a ser humilde nas vitórias, respeitando os adversários.
•Diga-lhe convictamente que o Desporto não é uma guerra e que os adversários não são inimigos (Pinheiro,Costa, Sequeira e Cipriano, 2008). As crianças tendem a encarar os jogos desportivos como uma “guerra de vida ou morte”, esquecendo-se frequentemente de se divertirem com o jogo. Diga-lhes que o mais importante é tirar partido dos benefícios que o jogo lhes dá. Não se canse de lhes dizer que o adversário não é um inimigo. O adversário é um elemento indispensável à competição, ou seja, sem adversário não há jogo, e é o jogo a maior motivação e fonte de prazer das crianças. Por isso, devemos sempre respeitar o adversário como um amigo.
•Diga ao seu filho que é possível ganhar e jogar com Fair-Play (Pinheiro, Costa, Sequeira e Cipriano, 2008). Alguns estudos feitos com crianças demonstram que estas pensam que quem joga com Fair-Play quase sempre perde. Não tenha receio de lhe afirmar que é possível conciliar a vitória jogando com respeito pelos regulamentos, árbitros, adversários e público.
•Não se esqueça de lhe dizer que fazer desporto é uma opção saudável e um excelente complemento para os tempos livres, mas que o mais importante é estudar.

Por fim, gostaríamos de dar alguns conselhos acerca do comportamento dos pais durante as competições desportivas:
•Respeite as opções do treinador e não interfira no seu trabalho. O treinador quer o melhor para a equipa, ou seja, para todos os jogadores, onde se inclui o seu filho. Deixe o treinador trabalhar livremente.
•Respeite as decisões dos árbitros, mesmo que lhe pareça que este tenha errado contra a equipa do seu filho. O erro faz parte do ser humano. Se não respeitar o árbitro, estará a influenciar o comportamento do seu filho dentro de campo. Não se admire depois que ele mesmo desrespeite o árbitro;
•Respeite os jogadores adversários, evitando comentários depreciativos acerca dos mesmos. Não se esqueça que é uma competição de crianças e que certamente também não gostaria de ouvir comentários desagradáveis acerca do seu filho;
•Não se envolva em atritos e discórdias com os pais da equipa adversária, mesmo quando sente que está a ser provocado. Nunca se esqueça que o seu filho está dentro do campo, mas vê perfeitamente aquilo que se passa na bancada.
•Aplauda as coisas bonitas feitas pelos colegas dos seus filhos. Mas, não se esqueça também de aplaudir aquilo que os jogadores adversários fazem de bem. O desporto é rico em situações de virtuosismo e por isso devemos aplaudir sempre, mesmo quando essas façanhas tenham sido realizadas pelos adversários.

Em jeito de conclusão, reflicta nesta frase:
Ensine o seu filho a gostar de Desporto, em vez de o ensinar a gostar apenas de ganhar.

12 Razões porque devem treinar força (musculação) Paulo Costa

12 Razões porque devem treinar força (musculação)


Como fui abordado várias vezes sobre o tema do treino da força e o porquê de cada vez mais se insistir neste tipo de treino, deixo aqui algumas razões, pelas quais devem treinar força. Os benefícios podem ser imediatos e ainda a longo prazo, na saúde do indíviduo. Nos últimos anos, muitos estudos têm demonstrado os benefícios para a saúde produzidos por um treino de força bem orientado. Um grande número de investigadores tornaram disponíveis informações relativamente ás respostas fisiológicas positivas com base em programas de treino de força.

1-Evitar a perda de massa muscular: Um indivíduo adulto que não faça treino de força perde cerca de 2 a 3 kg de massas muscular por década (Forbes 1976, Evans and Rosenberg 1992). Apesar do treino de endurance melhorar a capacidade cardiorespiratória, não previne a perda de massa muscular. Apenas os exercícios de força mantêm a massa muscular durante a meia-idade.


2-Evita a redução da taxa metabólica: Devido ao facto de a massa muscular ser um tecido “muito activo”, a sua perda é acompanhada de uma diminuição da taxa metabólica basal (TMB). Informações de Keyes et Al. (1973) and Evans and Rosenberg (1992) indicam que um adulto em média sofre uma redução de 2 a 5% da TMB por cada década de vida. Porque o treino de força regular previne a perda de massa muscular, logo evita que seja acompanhada pela redução da TMB.

3-Aumento da massa muscular: Porque a maior parte dos atletas não faz treino de força, precisam de ganhar a massa muscular que tem vindo a perder devido à inactividade. Felizmente, investigadores (Westcott 1995) provaram que o um programa de treino de força durante 8 semanas pode aumentar cerca de 1,3 kg de massa muscular. Esta é a resposta normal para um homem ou mulher que faça 25 min de treino de força 3 vezes por semana.

4- Aumento da Taxa Metabólica Basal (TMB): Investigadores revelaram que criando 1,3 kg de massa muscular aumenta a TMB em cerca de 7% e a necessidade de calorias diária em 15% (Campbell et al.1994). Em descanso, 0.45 kg de músculo precisam de 35 Kcal por dia para manutenção do mesmo, e durante o exercício este valor aumenta drasticamente. Um atleta que ganhe mais massa muscular, gasta mais calorias durante todo o dia, reduzindo assim a possibilidade de acumulação de gorduras.

5 - Redução da massa gorda: Campell e os seus colegas (1994) descobriram que o treino de força provoca a redução de 1,8 kg de massa gorda após 3 meses de treino, mesmo apesar de os indivíduos estarem a ingerir 15% mais de calorias por dia. Isto é, o treino de força proporciona 1,4 kg de massa muscular, 1,8 kg de redução da massa gorda e a necessidade de ingerir mais 370 Kcal por dia.

6- Aumento da densidade mineral óssea: Os efeitos progressivos do treino de resistência muscular são semelhantes tanto para a massa muscular como para o tecido ósseo. O estímulo que aumenta as mio proteínas da massa muscular também aumenta a osteo proteínas dos ossos assim como os minerais dos mesmos. Menkes (1993) demonstrou o aumento significativo da densidade mineral óssea do fémur após 4 meses de treino de força.
7-Aumento do metabolismo da glucose: Hurley (1994) reportou um aumento de 23% de desgaste da glucose após 4 meses de treino de força. Devido à fraca metabolização da glucose estar associada ao aparecimento da Diabetes, é fundamental melhorar a metabolização da glucose, sendo este um dos importantes benefícios do treino de força regular.
8- Redução da Obstipação/prisão de ventre: Um estudo por Koffler (1992) demonstrou um aumento de 56% do temo do transito gastrointestinal (a digestão processa-se mais rápido) após de 3 meses de treino de força. Esta melhoria é muito importante, pois a obstipação está relacionada com o risco de cancro no cólon.

9-Redução da pressão arterial de repouso: O treino de força só por si tem vindo a mostrar-se relevante na redução da pressão arterial de repouso (Harris and Holly 1987). Outro estudo (Westcott 1995) revelou que a combinação do treino de força com o treino cardiorespiratória é uma forma ainda mais eficaz para a redução da pressão arterial. Após 2 meses de treino combinado, os participantes do estudo desceram a sua pressão sanguínea sistólica em 5 mm hg e a pressão diastólica em 3 mm hg.

10-Melhorar os níveis de gordura no sangue (lípidos): Apesar dos efeitos do treino de força nos níveis de lípidos no sangue necessitem de mais estudos, pelo menos 2 estudos (Stone et Al. 1982, Hurley e tal. 1988) revelaram melhorias no perfil lipídico, após algumas semanas de treino de força. É importante de referir que a melhoria nos níveis de lípidos no sangue é semelhante tanto no treino de força como no treino de resistência (Hurley 1994).
11-Redução das dores de coluna: Anos de pesquisa sobre o treino de força e as dores de coluna na Universidade da Médica da Florida mostraram que a massa muscular de uma coluna fortalecida tem menores probabilidades de lesão que a coluna fraca e sem treino físico. Estudos recentes por Risch (1993) descobriram que pacientes com dores de coluna tinham significativamente menos dores após de 10 semanas de treino específico (amplitudes máximas) para os músculos lombares. Porque 80% da população tem dores de coluna, é aconselhável para indivíduos adultos que fortaleçam bem os músculos da região lombar.

12-Redução das dores da arterite: De acordo com a edição da “tuffs University Diet and nutrition Letter (1994) ” um treino de força adequado, alivia as dores da osteoarterite e da arterite reumatóide. Isto é uma novidade boa, pois a maioria dos homens e mulheres que sofrem de arterite precisam de treino de força para desenvolver músculos, ossos e tecido conectivo.


Estes são 12 razões fisiológicas para realizar regularmente treino de força, de uma forma mais básica é importante que compreenda que a realização desse programa é vital que seja realizado por técnicos habilitados para o efeito. Este tipo de trabalho é muito importante para nos parecermos e sentirmo-nos bem e funcionarmos melhor. Lembrem-se que a estrutura muscular funcional como motor, chassis e pára-choques do nosso corpo. Consequentemente o treino de força é uma forma eficaz de aumentar as nossas capacidades físicas, reduzir, melhorar e recuperar lesões, e aumentar a auto confiança.

El bBalonmano se enseña así, Alfonso García Camino.

El balonmano se enseña así
Alfonso García creó hace 25 años el primer club femenino de Pola de Siero, que ahora es una referencia


Antes de la llegada de Alfonso García el balonmano femenino era una entelequia en Pola de Siero. Casi 25 años después, este hombre que se considera a sí mismo más educador que entrenador ha montado una estructura que casi le desborda. Ha enseñado a jugar a miles de niñas y ha convertido al Siero Deportivo Balonmano en una referencia del trabajo de cantera. Le gustaría tomarse un respiro, pero sabe que la continuidad de su obra correría peligro si lo deja ahora.

El caso es que Alfonso García Camino (La Carrera, Siero, 10 de abril de 1949) dedicó más de la mitad de su vida a otro balón, el de fútbol. Jugó desde los 6 años hasta los 42, cuando colgó las botas en el equipo de veteranos del Centro Asturiano de Oviedo. Por el medio, una retahíla de equipos, algunos de ellos de Tercera División, aunque en sus últimas temporadas lo compaginaba con su trabajo de profesor de Educación Física.

Asentado profesionalmente en los colegios Arregui y Montoto de su pueblo, Ángel García apostó por un deporte femenino «que no fuera técnicamente complicado». Por ejemplo, el balonmano, que tenía otras ventajas en tiempos de penuria: «El material era barato y aprovechábamos las porterías de la cancha de fútbol sala». Tras ese primer impulso, que dio prácticamente en solitario, Alfonso García fundó el club que está a punto de cumplir sus bodas de plata.

Al mismo tiempo, García fue completando su formación, hasta sacar en Barcelona el título de entrenador nacional, o aprendiendo de maestros como Antonio García Oliva. Todo fue rodado por la buena respuesta de las niñas: «Desde el principio se apuntaron muchísimas, en parte porque en el colegio no había demasiada oferta de actividades».

García Camino tuvo claro su objetivo: «Que las niñas hiciesen deporte en un ambiente sano, que se divirtiesen e hicieran amigas». Los resultados, pese a que el club presenta un gran palmarés, quedan en un segundo plano: «Siempre quise ser más educador que entrenador. Lo importante es que haya un respeto, normas de conducta, dar una buena imagen».

Una filosofía que no ha sido incompatible con cifras como éstas en 25 años de historia: trece jugadoras del Siero Deportivo Balonmano han participado en concentraciones nacionales infantiles y cadetes; 42 juveniles, 32 cadetes y 17 infantiles jugaron en las selecciones asturianas, y dos entrenadores han dirigido a las selecciones infantil, cadete y juvenil.

Pero incluso las mejores entendieron el mensaje de Alfonso García: «Son unas jugadoras más del equipo. Se trata de que participen todas y de que haya compañerismo». En todo este tiempo no recuerda episodios conflictivos. «Al contrario», destaca García, «a veces nos llegaron niñas con problemas de comportamiento y el balonmano les ayudó a integrarse».

Por detalles como éste, Alfonso García da por bien empleados tantos desvelos: «Por el balonmano tuve que renunciar a muchas actividades, me costó dinero y me limitó el tiempo libre. Lo dejé casi todo en un segundo plano por el club. Pero no me pesa porque las satisfacciones fueron muy grandes». También fue importante la comprensión de su familia, a la que ganó para la causa: «Mi mujer es la delegada».

Todo es poco para sostener una estructura que devora 25.000 euros anuales. «Hay que amarrar mucho», explica García, que ejerce de presidente, entrenador y coordinador del club. Admite que las niñas tienen ahora más facilidades que hace 25 años, cuando el deporte femenino era una rareza: «Muchas veces no llegué a conocer a los padres de las jugadoras. Consideraban que sus hijas perdían el tiempo».

Quizá por su faceta de educador, por encima de todo, a veces ha pecado de blando en la forma de llevar los equipos, aunque también a eso le encuentra su parte positiva: «Me ayudó a que el grupo no se rompiese». Una buena razón para que las niñas y jóvenes de Pola de Siero se sigan acercando al club, como en los últimos 25 años.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Treino e aperfeiçoamento do Guarda-Redes,MATS OLSON

CLINIC TREINADORES DE ANDEBOL

Mats Olsson começou a ter contacto com o Andebol aos 11 anos.
Até aos 14 praticou Andebol, Futebol e Hóquei no Gelo. Aos 14 anos
abandonou o Hóquei e aos 16 elegeu o Andebol como o seu desporto preferido.
Diz ainda Mats Olsson, em relação à sua própria experiência, que aos 19
anos chegou à Selecção "A" sueca, mas apenas aos 26 anos ele próprio se
considerou um bom guarda-redes, um guarda-redes de selecção.
Mats Olsson abandonou a competição aos 37 anos, não por motivos físicos,
mas, diz ele,por motivos psíquicos, uma vez que a sua forma de jogar e de
encarar os jogos o obrigava a uma concentração constante que, com aquela
idade já sentia dificuldade em manter.

Mats Olsson deixou-nos algumas ideias para a formação e aperfeiçoamento do
tabalho do guarda-redes de Andebol, deixando claro que estas são as suas
ideias, fruto da sua experiência, como jogador e como treinador. Além de
director desportivo do Caja Cantábria, clube da I Divisão espanhola, o
ex.campeão muldial e europeu trabalha com guarda-redes jovens da Suécia e
assinou agora um contrato para trabalhar as guarda-redes da Noruega para
os próximos Jogos Olímpicos.

Esta acção de formação constou de duas sessões teóricas, uma dedicada à
formação e uma outra em que se falou da diferença entre um guarda-redes
normal e um guarda-redes sensacional.
Realizaram-se ainda duas sessões práticas que foram levadas a cabo por
jogadores da equipa do Boavista.

Ideia base: os Guarda-redes PENSAM!

Está completamente ultrapassada a ideia de que só vai para a baliza quem
não tem jeito para jogar em mais lado nenhum ou quem não percebe nada de
Andebol.

Por outro lado temos que ter consciência de que não podemos querer "fazer"
um guarda-redes num ano ou em dois. A formação de um guarda-redes deve ser
feita, no mínimo, em 7 anos.

Mats Olsson divide o trabalho com guarda-redes em várias etapas, neste caso
etárias. No entanto as idades referidas são referências, de evolução física
e psíquica e não propriamente idades de BI.

6 - 10 anos: Estado de Orientação

- não à especialização de guarda-redes
- conhecer o Andebol
- saber manejar a bola
- conhecer o próprio corpo
- coordenação
- trabalho de equipa (desporto colectivo)

Mats Olsson considera que a prática de vários desportos e em diversas
posições (no caso dos desportos colectivos) deve ser incentivada nos
mais jovens por forma a que assim possam conhecer melhor o seu corpo,
dando-lhe diferentes actividades e trabalhando por isso os seus vários
membros e respectivas componentes musculares e articulares.
Olsson diz que é importante que as crianças percebam que têm dois braços
e duas pernas, e que por ex. os gestos dos membros esquerdos não são
iguais aos dos direitos; no caso dos guarda-redes isso é tanto mais
importante pelo facto de terem de defender com ambos os lados do corpo
e não apenascom o seu lado forte.
Aponta, como exemplo desta necessidade, o facto de as raparigas, por quase
não jogarem futebol, terem pouco domínio das pernas, o que obriga depois a
que, na sua formação como guarda-redes, necessitem de um trabalho
suplementar para suprir essa carência.
É ainda fundamental que as crianças aprendam a manejar a bola, pois é com
ela que jogam. O futuro guarda-redes terá que dominar a bola, terá que a
jogar com os seus colegas. O trabalho com bola é importantíssimo.
Outra coisa que tem que ser trabalhada e incentivada é o esforço conjunto,
o interiorizar do trabalho colectivo.


10 - 12 anos: Os Princípios de Guarda-redes

- familializar-se com a baliza
- os princípios de ser guarda-redes
- deixar "o medo" da bola
- conseguir o seu espaço na equipa
- continuar o trabalho com bola
Neste escalão deve deixar-se que todos os jogadores passem pela baliza,
tomando contacto com o que é "ser guarda-redes".
Não deve ser o treinador a dizer "tu vais para a baliza". A escolha
posterior do treinador será feita em função da atitude que os miúdos
tomarem nesse contacto real com a baliza. E essa atitude, quando positiva,
será a de terem "ganas" de não deixar entrar a bola seja porque meios for.


O estilo não interessa, o que interessa é que a bola não entre. Um
guarda-redes que não se importa de sofrer golos nunca será guarda-redes.
O trabalho com bola dever continuar a ser aperfeiçoado e por vezes deve
usar-se bolas mais moles para que os guarda-redes percam o medo que um
impacto forte com a bola pode provocar nos mais novos.
Sempre que possível dever trabalhar-se com balizas mais pequenas para dar
segurança aos jovens no treino que estão a desenvolver.


12 - 15 anos: Formação do Guarda-redes

- especialização de guarda-redes
- início da formação física
- conhecer as técnicas de guarda-redes

É nesta fase da formação que surge a especialização de funções. É agora que
o jovem deve decidir, com o seu treinador, se quer ser guarda-redes.
É também agora que começa a ser necessário algum trabalho físico, usando o
próprio corpo para trabalhar e não pesos. O trabalho físico é a base de um
bom guarda-redes.
Quanto às técnicas de guarda-redes, Mats Olsson considera que todos devem
ter uma formação básica, com o domínio de gestos fundamentais, para depois,
em função das características morfológicas de cada guarda-redes ser
escolhida a técnica específica mais adequada.

No final deste ciclo surge muitas vezes a pergunta chave e a grande
dificuldade do treinador: Qual a técnica mais adequada para o guarda-redes
que tenho?

15 - 19 anos: Evolução Para o Futuro

- começar a exigir
- trabalho conjunto com a defesa (pela 1ª vez)
- formação física
- formação psíquica
- eleger a ténica final

A este nível a exigência não tem a ver com o facto de se chegar, por
exemplo, à 1ª equipa do clube, embora isso seja possível (sobretudo aos
18/19 anos) se o guarda-redes trabalhou bem e cumpriu as várias fase de que
já falamos, sobretudo as físicas e as da técnica de base. A exigência
reflecte-se sobretudo na ATITUDE do guarda-redes face ao seu desempenho.


Um guarda-redes "tem" que ficar "amuado" quando sofre golos. Se para ele
(guarda-redes) é igual defender ou não, então nunca será um bom guarda-redes.
Mats Olsson defende que só neste nível é que começa a existir trabalho
conjunto do guarda-redes com a sua defesa. Antes, o guarda-redes, se o quer
ser, tem que se habituar a defender o seu espaço - 6m2.
Aqui entra uma questão que é a dos guarda-redes que sofrem muitos golos
naquela que é a sua área de intervenção directa - o meio da baliza - e
defendem algumas bolas aos ângulos.
O guarda-redes só se pode sentir seguro se na sua área de intervenção,
aquela que abarca estando no meio da baliza, não for sistematicamente
batido. E esta última situação acontece sobretudo com guarda-redes de mais
baixa estatura que, na ânsia de defender bolas nos ângulos, saem muito
rapidamente da zona em que deveriam aguentar a posição esperando o remate.
Se nos lembramos que por jogo entram nas "gavetas" inferiores ou
superiores, meia dúzia de bolas, então temos que travar é os remates que
são mais dirigidos para o interior da baliza. Daí a necessidade de nas
camadas jovens trabalhar com balizas mais pequenas, para dar confiança ao
guarda-redes.



Esse espaço interior irá sendo alargado, em termos de treino, conforme o
guarda-redes for aumentado a sua eficácia. O que o guarda-redes tem que
interiorizar é que as bolas que entram nos ângulos são golos na mesma, mas
não são esses que ele tem "obrigação" de defender.
O trabalho físico neste escalão tem que ser aumentado comparativamente com
o anterior, mas com cuidado sobretudo na fase inicial do ciclo. Deve
começar-se a trabalhar com pesos, e com saltos e multi-saltos.
Quanto à formação psíquica, o ex-campeão do mundo tem uma opinião curiosa e
deu alguns exemplos que nos ajudam a compreender a sua tese. É sabido que
nos desportos colectivos há uma hierarquia no balneário.
Há, além do capitão de equipa, dois ou três elementos que gerem o
balneário, que lhe dão força, que se impôem aos colegas.


Olsson defende que o guarda-redes, que como já disse atrás, PENSA, tem que
integrar o topo dessa hierarquia. Um guarda-redes sem peso no balneário da
sua equipa dificilmente será um bom guarda-redes. O guarda-redes usa a
cabeça, sabe ler o jogo, os colegas têm que o respeitar. E se o
guarda-redes é capitão, o que acontece cada vez mais, isso ajuda ainda
mais, quer o próprio guarda-redes quer a equipa.

Isso é visível nos aquecimentos. Mats Olsson diz que à excepção de Lavrov,
os guarda-redes russos não são respeitados (ou pelo menos não o eram há
alguns anos atrás), estão na base da pirâmide hierárquica da equipa, e diz
ele, viu muitos aquecimentos da equipa russa em que os guarda-redes não
tocavam numa bola porque os colegas não lhe ligavam nenhuma e não se
preocupavam com o seu aquecimento.Estavam antes preocupados com a colocação
e potência do seu próprio remate. Lavrov, com o seu valor, com a sua
inteligência, fez-se respeitar e mudou isso. O mesmo acontecia em Espanha.
Quando Mats Olsson chegou ao Teka ficou espantado com a falta de "peso"
dos guarda-redes nas equipas. O facto de ele e outros estrangeiros de valor
terem surgido no campeonato espanhol, ao mesmo tempo que surgiu um espanhol
de grande valor, Ricco, obrigou a uma mudança de mentalidades, quer nas
equipas quer no espectador.
O guarda-redes passa a ser tão importante como o melhor jogador de campo,
como o melhor marcador. Na Suécia, por ex. os verdadeiros heróis
desportivos dos mais novos são guarda-redes, seja de futebol de andebol ou
de hóquei no gelo. É grande a dificuldade em decidir quem vai ser o
guarda-redes da equipa pois há sempre muitos candidatos.

É também nesta fase da formação, que o jovem define o que quer ser como
guarda-redes, que caminho quer seguir no seu trabalho diário. É agora, com
o seu treinador, que ele vai decidir qual a técnica que melhor se adequa às
suas qualidades.

19 - 40/.... anos: Normal ou Sensacional

- andebol: quero ou não quero?
- estado físico: até quando vou jogar?
- estado psíquico?
- técnica adequada?

Chegado a esta fase, e a partir daqui, dá-se a separação: os guarda-redes
normais e os sensacionais. É agora que o guarda-redes tem que saber se está
disposto a jogar Andebol ou não, tem que tomar consciência do seu estado
físico e saber até quando jogar.
Quanto à questão psiquica, vimos que foi por isso, que Olsson deixou de
jogar, porque a concentração tem que ser total, quando não o fôr está na
hora de abandonar.

Em relação à técnica, que já deverá estar escolhida, é uma questão de
aperfeiçoar detalhes, e trabalhar sempre para se melhorar a técnica que se
escolheu, evoluindo com a evolução do próprio jogo.

Ideias base deixadas antes da sessão prática:

- para Mats Olsson, a colocação das mãos deve ser semelhante à posição do
"boxeur": à frente do peito, no campo visual do guarda-redes, com os dedos
ligeiramente flectidos. Isso permite que os deslocamentos sejam feitos sem
perda de equilíbrio. A posição de braços esticados acima da cabeça, ou
mesmo ligeiramente ao lado, utilizada pelos guarda-redes de menor estatura
para, aparentemente cobrir mais os ângulos, acaba por retardar o
deslocamento e provocar desiquilíbrios. A posição de "boxeur" permite ter
as mãos no centro da actuação do guarda-redes estando à mesma distância das
intervenções para cima ou para baixo. Por outro lado, e nomeadamente nos
remates de ponta, se o guarda-redes coloca as mãos acima da cabeça deixa de
saber para onde esperar o remate uma vez que tudo está, aparentemente,
tapado; ora como o guarda-redes PENSA, se mantiver as mãos em frente ao
peito pelo menos sabe que a zona da cabeça está desprotegida e que pode
esperar um remate para essa zona. Acaba por ser como que um convite ao
rematador.

- quanto ao trabalho de pernas, que acaba por ser fundamental, Mats Olsson
defende a posição de joelhos flectidos e calcanhares ligeiramente elevados.
Defender em pontas e pernas esticadas, mais uma vez uma posição muito usada
pelos guarda-redes pequenos, dificulta o deslocamento e a entrada em acção.
Quando o trabalho físico foi bem feito, a força de pernas é suficiente
para, a partir de uma posição flectida, o guarda-redes chegar a onde quer.

De tudo quanto foi dito ressalta que a base de um guarda-redes reside no
TRABALHO FÍSICO, na ATITUDE, e na TÉCNICA DE BASE.
Não é fundamental que os guarda-redes sejam muito altos. O que importa é
que sejam inteligentes e tenham uma grande atitude. O resto é trabalho.
Atingida determinada fase de evolução, o treino passa pelo aperfeiçoar e
trabalhar de pequenos detalhes.

SESSÃO PRÁTICA: TREINO DE JOVENS

Aquecimento sempre com bola, e com os guarda-redes integrados:
- corrida simples em drible
- corrida em drible com elevação de calcanhares
- corrida em drible com elevação de joelhos
- fazer rolar a bola e pará-la com um dos joelhos, alternadamente
- grupos de 2:
a) com duas bolas passam uma bola com as mãos e outra com os pés
b) passe só com as mãos com deslocamento em todas as direcções
c) um dos jogadores atira a sua bola ao ar recebe a do colega, volta a
passar e recepciona a sua;
d) etc. há uma série enorme de exercícios


Passamos depois ao aquecimento dos guarda-redes. Se queremos treinar
técnica, como é o caso, uma série de 12 remates para cada guarda-redes é o
ideal. Com maior quantidade de remates o jovem acaba por perder
concentração, a técnica começa a ser mal executada e o atleta passa a
fazer trabalho físico. É preferível 12 remates a 100% de concentração e
rapidez ,do que mais a um nível inferior.
Na fase de aquecimento é fundamental deixar os guarda-redes defender e
garantir que a técnica base está presente.

- bolas para as mãos: o contacto com a bola é precioso - a bola é uma
amiga, não uma inimiga. É fundamental parar a bola e não repelir a bola.
- defesas para os ângulos superiores: Mats Olsson frisou a importância de o
apoio ser feito com a perna contrária ao lado para onde a bola vai - isto
faz parte da técnica base.
Isto porque em caso de necessidade, a perna do lado da bola está livre para
intervir em qualquer altura, o que não acontece se o apoio for feito sobre
ela.
- guarda-redes nos 4 metros com as bolas a serem rematadas para a zona da
anca. O guarda-redes não mete os braços à bola, só intervindo com as
pernas. A perna que vai defender sobe flectida lateralmente, junto ao corpo
e a extensão só é feita depois conforme um maior ou menor afastamento da
bola face ao corpo do GR.
- guarda-redes um pouco à frente da linha de golo, bolas a meia altura com
intervenção a duas mãos.
- bolas para baixo, com o rematador a atirar em salto: na escola jugoslava
o guarda-redes tenta a defesa sem abandonar o solo, oferecendo à bola
apenas o pé e parte da perna, o que significa que no fim da acção continua
de pé. Mats Olsson defende antes a escola nórdica, em que o guarda-redes
defende este tipo de bolas em queda. A superfície corporal oferecida à bola
é maior e por isso a probabilidade de êxito aumenta. É verdade que se o
guarda-redes não cai está mais depressa em condições de defender uma
segunda bola. Mas, diz Olsson se a 1ª bola entrar não há ressalto, por isso
o importante é defender a 1º bola.
Em todas estas acções é fundamental que o guarda-redes mantenha o contacto
visual com a bola que está a defender. É errado quando neste tipo de séries
de aquecimento, a atitude é de esticar um braço ou uma perna, conforme o
exercício, e defender mantendo os olhos direccionados para o rematador
seguinte. O Guarda-redes tem de direccionar sempre a sua atenção para a bola.

Seguiram-se vários exercícios:
- tapam-se zonas laterais da baliza, o que a torna mais estreita, para que
o guarda-redes defenda a zona central. O espaço a defender vai sendo
alargado conforme a eficácia do GR vai aumentando. Os remates partem dao
9m, da zona central.

- dois cones na zona central da baliza, o guarda-redes tem que fazer o
deslocamento e defender alternadamente remates livres, dos laterais, ao
primeiro poste. O deslocamento, que é o que se está a treinar, deve ser
feito com as pernas bem flectidas e na altura do remate o guarda-redes deve
estar já bem colocado para lá dos cones no lado que vai defender e com as
mãos na posição ideal para poderem interceptar a bola em qualquer altura.


Olsson é contra as séries de remate livre para cima ou para baixo. Defende
antes que o remate deve ser para determinado lado uma vez que essa é a
situação real de jogo. Quando há colaboração com a defesa o guarda-redes
sabe que pode esperar uma remate a direito, ou, na ausência de colaboração,
um remate cruzado, não um remate para baixo ou um remate para cima. Daí a
importância da perna livre do lado da bola e da colocação das mãos numa
zona central.
-remate livre dos laterais, ao 1º poste mas agora o guarda-redes tem que
aguentar ao máximo a sua saída do lado contrário ao centro imaginário da
baliza.
- remate livre dos laterais, ao 2º poste com o guarda-redes a tocar no 1º
poste antes de sair para defesa.
- remate das pontas, ao 2º poste, com ângulo fechado (estamos a trabalhar
com jovens).
Nos remates das pontas é necessário que o GR tenha consciência de que tem
que usar o corpo todo para defender e não apenas as mãos ou as pernas.
Neste tipo de remate a bola para entrar tem que passar no seu raio de
acção. Por isso é fundamental aguentar ao máximo numa posição de
expectativa; se reagir cedo demais está a dar hipóteses ao rematador. A
posição ideal é estar quieto, meio passo à frente do poste, e se o
guarda-redes é de baixa estatura não deve atacar demasiado a bola, ou seja
não deve subir demasiado em direcção ao rematador pois dessa forma está a
abrir a 3ª dimensão do remate (o dito "chapéu"). Se o rematador ganha algum
ângulo o guarda-redes tem que ir acompanhando essa trajectória mas sempre
de frente para o rematador, não pode "abrir a baliza" colocando o seu corpo
paralelo à linha de golo.



NORMAL OU SENSACIONAL

Depois de assente que a base de qualquer guarda-redes é a ATITUDE, o
TRABALHO FÍSICO e a TÉCNICA DE BASE, vamos ver o que faz falta para se ser
um bom guarda-redes.

1º BOM ESTADO FÍSICO

- FORÇA: é necessário dar prioridade ao trabalho de pernas e ao tronco.
Força de pernas é fundamental para o restante desenvolvimento do
guarda-redes. Olsson lembra que na selecção da Suécia, nos testes físicos
as melhores marcas no teste da força de pernas eram dos guarda-redes - ele
próprio e Svensson.

- POTÊNCIA: trabalhar muitos saltos de plinto e multissaltos. Os
guarda-redes têm que treinar muito os saltos verticais e não tanto os
saltos horizontais.Aqui os resultados dos GR eram 2º e 3º da equipa

- EXPLOSIVIDADE: é o que permite que o guarda-redes aguente ao máximo o
momento de entrada em acção. Se a explosividade do Guarda-redes é boa ele
pode esperar mais tempo pela bola. Como vimos atrás, se os exercícios são
muito longos o guarda-redes perde explosividade, por isso temos que
trabalhar em séries curtas.

- ELASTICIDADE: é também bastante importante e pode ser trabalhada em
qualquer altura do treino. Para os guarda-redes não há tempos mortos de
treino, podem sempre trabalhar enquanto o outro colega está na baliza.

- RESISTÊNCIA: a acção do guarda-redes é feita de intervenções curtas mas
durante um longo periodo de tempo, no qual tem que estar plenamente
concentrado. Por isso a resistência tem que ser trabalhada da mesma forma
que os jogadores de campo. Não pega a desculpa: sou guarda-redes, não
preciso de ir correr 30m ou 10 km.


2º BOM ESTADO PSÍQUICO

- QUERER/ODIAR: querer treinar, querer jogar, querer defender, odiar
sofrer golos. O guarda-redes que não fica incomodado por sofrer golos nunca
será guarda-redes.

- CONFIANÇA: em si próprio, no treinador, nos colegas. O guarda-redes tem
que confiar na sua própria preparação, no tipo de trabalho que está a
fazer, em todos os momentos, e não apenas neste ou naquele jogo. Tem também
que confiar no treinador, no tipo de treino que é ministrado, na forma da
equipa jogar, nas indicações que lhe são dadas, e tem que confiar nos
colegas de equipa.

- HUMILDADE: temos que partir de um princípio que é o de que um
guarda-redes sem defesa não vai longe. Por isso o guarda-redes tem que
trabalhar em conjunto com a defesa, tem que apreciar o trabalho defensivo
dos colegas. O bom guarda-redes não pode deixar de valorizar o trabalho do
adversário sob pena de cair no ridículo porque o "gordo" lhe marcou 3/4 golos.

- CONCENTRAÇÃO: é fundamental 100% de concentração em todos os momentos,
seja em treino seja em jogo, mas particularmente em jogo, onde as
intervenções são mais curtas e espaçadas. Se tens 60 jogos por época só
tens que te concentrar 60 horas por época. Tens que o fazer se queres ser bom.

- DIVERSÃO: diverte-te. Jogar Andebol não é nenhum castigo.

- 0 GOLOS: este tem que ser o objectivo do guarda-redes - sofrer 0 golos.
O ponto de partida tem que ser esse. Se aceito sofrer golos como posso
melhorar e evoluir?

DIFERENÇAS ENTRE UM GUARDA-REDES NORMAL E UM
GUARDA-REDES SENSACIONAL


- Preparação para o jogo: quando um jogo acaba começa imediatamente a
preparação para o seguinte. Podemos falar da alimentação por ex.; Mats
Olsson refere que ele próprio não bebia cerveja 24 horas antes da
competição. Outro exemplo dessa preparação é o o visionamento de um vídeo
do adversário: um GR normal fixa para onde sai o remate. Para um GR
sensacional não interessa tanto para onde sai o remate mas mais como chegou
o jogador a essa situação de remate: qual foi a combinação táctica que o
permitiu, se foi em apoio ou suspensão, se o atacante tinha outra opção de
remate ou passe, etc. Isto está directamente relacionado com a questão que
vem a seguir,

- Saber ler o jogo: um GR sensacional, que como já vimos PENSA, sabe ler o
jogo, e consegue prever as situações de finalização podendo por isso
antecipar algumas soluções; conhece as possíbilidades de remate que o
jogador tem, sabe as combinações tácticas existentes, domina os tipos de
remate, as diferentes colocações da mão que pega a bola e que tipo de
remate podem surgir a partir daí.Para tal o guarda-redes tem que seguir com
atenção o treino táctico.

- Contacto com a bola: é fundamental manter sempre um contacto visual com a
bola.

- Um bom guarda-redes faz defesas, não é atingido com a bola.

- Um bom guarda-redes tem o nível mais baixo alto: o guarda-redes é tanto
melhor quanto menor são as suas oscilações de rendimento. Se um GR defende
30 bolas num jogo e 3 no outro e outro GR defende 20 bolas num dia e 10
noutro, este é melhor do que o primeiro.


Colaboração Guarda-Redes/Defesa

A - Remates de 1º linha: a melhor forma de o defesa ajudar o GR é entrar em
contacto com o atacante. Quando o defesa não consegue esse contacto deve
pelo menos obrigar o rematador a atirar a direito, deve evitar que ele
consiga cruzar o remate. Isso permite ao Guarda-redes poder intervir com
grande grau de eficácia.
Mats Olsson defende que o guarda-rede tem que ter confiança no defesa, e
tem que manter o sistema o máximo de tempo possível, sob pena de começar a
ser batido na maior parte dos remates. As rectificações deverão ser feitas
ou nos descontos de tempo ou no intervalo.


B - Penetrações: Os defesas devem tentar empurrar os atacantes o máximo
possível para o exterior do terreno de jogo, obrigando-os a perder ângulo,
evitando que eles consigam rematar numa zona frontal à baliza.


O Guarda-redes deve manter o contacto com o solo, no sítio ideal de
intervenção, o mais tempo possível. Quando entra em acção deve fazê-lo
mantendo um apoio e defendendo com a perna do lado da bola e se possível
com os dois braços. Mats Olsson não é defensor do leque completo, dizendo
que esse tipo de acção deve funcionar apenas como uma surpresa e não como
uma forma de defender a baliza.
Dando o exemplo de uma penetração sobre a zona do Lateral Direito, se o
Guarda-redes opta por tapar o 1º poste coloca-se em frente à bola
"obrigando" o atacante a rematar ao 2º poste e tenta a defesa com a perna
direita no ar e a esquerda em apoio; se opta por fechar o 2º poste e
"convidar" ao remate ao 1º coloca-se em frente ao corpo do rematador e
defende com a perna esquerda no ar e a direita em apoio.


É importante que o GR tenha em atenção a última acção do defesa uma vez que
um último encosto ao atacante pode permitir um ângulo diferente do inicial.
Fundamental é também perceber qual a posição da mão da pega da bola e que
tipo de remate é que ela permite ao jogador.

C - Remates aos 6 metros: o ideal para o GR é que o pivot não tenha tempo
de o encarar. O defesa deve evitar que o atacante suba e remate de cima
para baixo. Neste tipo de acções o trabalho do guarda-redes deve ser feito
em profundidade e de acordo com as suas características e envergadura,
atacar a bola (e não o corpo do rematador) mais ou menos profundidade. O
espanhol Fort prefere muitas vezes esperar pelo remate quase em cima da
linha de golo.

D - Remates das pontas: O defensor move-se lateralmente para diminuir o
ângulo ao rematador ao mesmo tempo que o GR deve mover-se rapidamente para
se colocar na posição ideal e depois esperar, quieto, o remate.
Há que estar bem preparado pois se o ângulo for bem tapado, a bola para
entrar tem que passar no raio de acção do GR.

E - Contra-ataque: o guarda-redes deve jogar como líbero, e tentar anular
não só o 1º passe no caso de ele ser directo para um jogador isolado, ou
mesmo o 2º passe caso o contra-ataque adversário se desenvolva a partir de
um 2º passe ainda no seu meio campo.
O GR tem que ter consciência que um golo directo ou marcado dos 9m do
adversário vale tanto como outro qualquer por isso não há que ter medo de o
sofrer.

F - 7 metros: Quem manda é o guarda-redes, que tem que ter uma atitude
agressiva face ao rematador. Cada vez é mais normal assistirmos ao convite
do GR para que o rematador atire para determinada zona.
Na opinião de Mats Olsson não é benéfico que o GR se posicione numa posição
intermédia, a 2,5m/3m da linha de golo.
Ou fica nos 4 metros, o máximo permitido, ou então fica mais na expectativa
e coloca-se quase na linha de golo. Mats Olsson diz que pode ser uma
estratégia a colocação não no meio da baliza, mas antes ligeiramente do
lado do braço de remate.

Matos Olsson define 4 escolas de Guarda-redes:

1 - Escola russa: os guarda-redes são muito altos e fortes, trabalham para
cortar ângulos e trabalham com a defesa mas de uma forma estática: cada um
defende o seu lado da baliza. São por isso muitas vezes agredidos com a bola.

2 - Escola jugoslava: embora altos, são mais baixos do que os russos, mas
mais móveis e mais rápidos e explosivos. Nunca deixam o contacto com o solo
mas colocam-se muito bem, sendo mesmo excepcionais, em remates aos 6 metros
e das pontas. São vulneráveis em remates da 1º linha. Quase nunca se sentam
e dificilmente chegam aos extremos da baliza.

3- Escola sueca: são guarda-redes altos e muito flexíveis. Tem menos
contacto contacto com o solo que as escolas anteriores mas trabalham muito
bem, mas de uma forma interactiva, com a defesa. Muito bons em remates
exteriores.

4 - Escola alemã: quase parecem guarda-redes de futebol, trabalhando muito
com as mãos, defendendo não em queda mas em voo.


Mats Olsson diz que na sua opinião o guarda-redes ideal seria o que
conseguisse um cruzamento da escola jugoslava com a escola sueca.

Uma última ideia deixada nesta prelecção foi a de que

O QUE NÃO QUER MELHORAR DEIXA DE SER BOM.


Sessão prática

- Aquecimento de guarda-redes: igual ao da manhã.

- Remates de 1º linha, neste caso do lateral, sobre um defesa passivo. O GR
defende o remate a direito.



- Remate livre dos 11 metros sem oposição. O guarda-redes tem que aguantar
a posição base o máximo de tempo possível.

- Três atacantes - C, LD, LE - para um defesa. O C ataca e o passa a um dos
laterais, o defesa tem que reagir rápido e defender o lateral com bola que
remata directo.


- O mesmo do anterior mas pode haver penetração do lateral, e neste caso o
defesa deve tentar encurtar o ângulo. Tem de haver diálogo GR/defesa.


- Dois defesas para três atacantes - C, LD, LE - : o C cruza com um L e vai
bloquear um defesa. O L pode rematar, passar ao lateral contrário ou ao
central que ficou nos 6m. Maior complexidade da situação para obrigar o GR
a uma maior atenção e leitura da situação.


- Um defesa para dois atacantes mais um: cruzamento LE/C que ataca o defesa
na posição 1 e remate ou passa ao PE conforme o comportamento do defesa.

- Dois defesas para três atacantes - Ponta, Lateral e Pivot, em cada lado
do campo: o exercício começa com passe do PE ao LE deste ao LD que ataca a
baliza e joga com o Pivot ou com o PD. Inicia-se logo a situação contrária.

- Micro-ciclo de 3 remates:

A) remate livre do lateral para um determinado ângulo
B) remate, com defesa, do lateral contrário
C) remate do ponta ou do pivot em situação de ressalto.


Neste exercício o GR treina três coisas fundamentais: técnica base (remate
A), colaboração com o defesa (remate B) e ataque à bola ou aguentar na
ponta (remate C)

Mats Olson-Nacionalidade Sueca,considerado o Guarda-redes do Seculo e actual Selecionador de Portugal

Campeonato Europa Croacia 200, conversas comProf. TOMIANOVIC

Introdução

As conversas com o Prof. Tomianovic vem no seguimento de outras já realizadas em períodos diferentes e têm como objectivo actualizar alguns conceitos sobre a evolução e tendências de desenvolvimento e operacionalização do Andebol tendo como referência as duas escolas de andebol, Escandinava e Balcâs que têm reprecussões importantes no desenvolvimento do Andebol Internacional.
O Prof. Tomianovic faz parte dos quadros técnicos da Federação Croata de Handball e é um elemento muito credenciado e referenciado no desenvolvimento do andebol local sendo o criadôr da profunda transformação da abordagem do andebol de Base na escola croata de handball, assim como as metodologias aplicadas para um melhor aprefeicoamento do andebol na escola ou no clube. Este documento é o resultado de duas reuniões realizadas durante o Campeonato Europeu de Andebol na Croácia.

Os temas em debate foram:
-Análise aos progressos do handebol da croácia e novas evoluções no terreno.
- comparar as Escolas escandinavas e balcãs.


Modelo escandinavo

Modelo com mais futuro segundo o Prof.Tomianovic porque tem como finalidade educar os jovens através do jogo e não como finalidade única e exclusivamente a competição.

Alguns princípios:
- A base do jogo tem como meta a educação através do mesmo.
Quando caiu o bloco de Leste os escandinavos apresentaram o seu modelo mais evoluído. Tem condições de excepção para a prática desportiva é diferente dos outros países, por razões culturais, sociais , desportivas e geográficas.…..
O desporto da escandinávia é uma actividade para todos e faz parte das tradições culturais.
Eles necessitam da pratica desportiva não para ganhar ou perder, mas a manutenção da Saúde..Quando perdem não é uma tragédia nos países escandinavos nos Países de leste era um drama nacional.
As relações sociais e desportivas são diferentes e mais saudáveis.
Quem tem como objectivo estar na competição para ganhar dinheiro, toma a iniciativa e voluntariamente vai jogar para os países vizinhos, mantendo-se deste modo as caracteristicas de desporto amador como é de facto nos países escandinavos.Quem tem beneficiado desta politica, tem sido a Alemanha que recebe nas principais equipas os melhores atletas escandinávos.

Modelo dos Balcãs

Há diferenças substanciais entre o andebol Croata e Escandinavo,
Os croatas são diferentes no pensamento sobre o jogo. São mais improvisadores e fiéis aos métodos que seguem. no andebol de base(jogo livre motivando os praticantes a continuarem na modalidade). Os Croatas falam muito sobre essas preocupações na abordagem do jogo de andebol na Base, mas apenas nos ultimos 2/3 anos começaram a aplicar algumas estratégias inovadoras, visto que muito cedo começam a especializar os novos praticantes criando uma técnica fina no passe e fintas, muito especiais e que diferenciam a escola dos balcãs das restantes.


QUANDO E ONDE COMEÇA A TÁCTICA

A táctica é a base da técnica e não o contrário.
No início da aprendizagem deve-se a obrigar a fintar, mudar de direcção, adquirir um reportório das capacidades coordenativas de elevado indice de automotismo e eficácia etc. Isso é táctica ?
No abordagem do jogo de Andebol na Base, começa-se logo a pensar no que devo fazer
No ensino da técnica não se deve expor os jovens atletas a exercícios em que eles são obrigados a passar a bola com oposição.
Após o domínio da técnica(pega da bola) deve-se passar para a fase seguinte:

jogo com oposição
jogador com oposição
o passe entre dois jogadores com oposição , quando se está a trabalhar a técnica é um exemplo a evitar.
Exercícios como o 1X1 diferente de 2X1



Algumas conclusões:

-A 1ª prioridade da Escola Escandinava é a cabeça e não o corpo/ físico, eles têm programas especiais para a selecção dos jogadores que consideram importante os aspectos socio – psicológicos a ter em conta na captação.

-Os jogadores da Croácia têm outras características não apenas fisicamente mas possuem ideias mais criativas e os escandinavos aprendem isso. Os países d o sul evoluíram devido à criatividade dos latinos.

-As estratégias do jogo são mais evoluídas na Europa do sul do que na escandinava

-A escola Jugoslava tem má técnica porque os seus jovens atletas, por ex: não executam com rapidez e no remate não levam a bola acima da cabeça, para depois optarem a melhor solução de remate.

-No futuro do andebol ainda vão utilizar jogadores “altos” para algumas funções mas tem que ser jogadores rápidos e habilidosos para poderem melhor adaptar-se às caracteeristicas do jogo. Não se pode parar no ataque., por falta de ini ciativa ou dificuldades de leitura de jogo.


-A Selecção dos novos atletas obedece aos seguintes parametros nas áreas fisicas/psicológica:

boa capacidade motora
psico/ sociologica
espírito de grupo



Escolha de jogadores:

jogar s/ bola
teste ao comportamento em jogo
capacidade de jogo
qualidades neuro-motoras para a pratica do andebol

modelo de competição para os escalões jovens:

Grupos reduzido de equipas
Maior nº de torneios
Aumento siginificativo de jogos em regime de concentrração
Utilização de sistemas adaptados e não regidos para permitirenquadramento dos novos atletas
Importante o jovem integrar-se em torneios internacionais para adquirir Ritmo e referenciais de “modelos” dejogadores e novas escolas de andebol.


BOM TREINADOR

CARACTERÍSTICAS:

-Correcto e não vigarista
-Saber fazer adequadamente
-Disciplinado como um soldado
-No treino é lider, fora do treino é um amigo
-Autoridade não se impõe pela dureza o jogador sabe que tem que ser dirigido e
orientado segundo determinadas estratégias defenidas pelo Treinador.
-autoridade vem da confiança entre treinador / atleta.

nota-recolha feita por Antonio Cunha, com traduçao de Djebic Harvodje

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O ensino do handebol utilizando-se do método parcial ,Heloisa Helena Baldy dos Reis

O ensino do handebol utilizando-se
do método parcial


Profa. Livre-docente da Faculdade de Educação Física - Unicamp
(Brasil)

Heloisa Helena Baldy dos Reis

Resumo
Este texto é resultado de pesquisa bibliográfica que teve como objetivo o estudo da literatura específica do ensino dos esportes coletivos em todos os ambientes, para apreendermos qual era o principal método sugerido para o ensino do handebol. Hegemonicamente até a década de 1990 o método parcial era o referencial de ensino veiculado na literatura de Educação Física e Esporte. A pesquisa foi realizada nas bibliotecas das Universidades Públicas Paulistas. E a proposta de exercícios foi elaborada a partir dos princípios deste método de ensino.
Unitermos: Iniciação esportiva. Handebol. Pedagogia do esporte


1 / 1

Introdução

Os conteúdos de quaisquer áreas do conhecimento podem ser transmitidos de diversas maneiras que são denominadas em educação como métodos de ensino.

Este texto trata o handebol como um conteúdo clássico da cultura corporal, portanto um conteúdo tradicional principalmente da Educação Física escolar. Entendemos também que o ensino dos esportes coletivos não se restringe ao âmbito escolar, pois há várias instituições de educação não formal ou mesmo instituições de outra natureza que se dedicam ao ensino de esportes. O texto tratará especificamente do ensino do handebol utilizando-se do método parcial e em qualquer ambiente, pois no que tange ao método de ensino este pode ser aplicado em qualquer instituição que se proponha a ensinar o handebol.

Os professores e os autores que optam pelo ensino através do método parcial acreditam que os conteúdos esportivos da Educação Física devem ser ensinados por etapas a partir do ensino fragmentado dos fundamentos dos esportes - através da seriação de exercícios, para após o domínio dos gestos técnicos específicos de cada fundamento o jogo propriamente dito ser vivenciado (praticado).

A literatura específica da área1 até meados da década de 1990 não fazia menção a uma continuidade no processo de ensino-aprendizagem do método parcial em direção a aquisição de conhecimentos sobre as táticas individual, grupal e coletiva. Normalmente a produção da área apresentava o ensino do esporte específico mencionando os seus fundamentos e exemplificando com exercícios de como ensiná-lo, além de apresentarem justificativas limitadas e questináveis para os dias atuais, referente às restrições orgânicas da pratica de determindadas atividades físicas para crianças e adolescentes do sexo feminino, servindo apenas para a criação de mitos e preconceitos2.

O objetivo desse trabalho é apresentar o método parcial situar, alguns conceitos e diferenciar a nossa opção metodológica no ensino do handebol, porque ainda hoje, a opção pelo método parcial no ensino do handebol é predominante na maioria dos cursos de licenciatura em Educação Física, o que nos permite deduzir que possivelmente muitos profissionais continuam tendo apenas este modelo de ensino para os esportes coletivos e especificamente para o handebol. Todos os métodos de ensino têm vantagens e desvantagens em adotá-los, o importante é ter consciência dos objetivos a atingir e conhecermos as necessidades e características de cada faixa etária, e optarmos por um método de ensino que leve nossos alunos a atingir os objetivos almejados de forma eficiente e respeitando as características bio-psico-social de cada grupo social. O fundamental para a boa docência é a consciência através do conhecimento de qual método adotarmos em função dos objetivos que temos. Porém, a opção de ensino de qualquer conteúdo através de um determinado método está imbuída de uma determinada visão de educação e de sociedade a qual nos dará elementos para a construção do projeto de ensino que será sempre um projeto político-pedagógico.

Particularmente, apoiada nos estudos da pedagogia do esporte referenciados no novo conceito de treinamento esportivo sugerimos o ensino de handebol através de outro método de ensino-aprendizagem-treinamento diferente do método parcial, porém este trabalho irá abordar apenas o método parcial, porque o nosso objetivo é contextualizá-lo na produção da área e apresentar alguns meios didáticos para a utilização do mesmo, além de abordar os limites e as vantagens deste método ainda hegemônico na área de Educação Física.

Alertamos os nossos leitores para a necessidade de se ensinar os esportes coletivos em geral e especificamente o handebol visando a aprendizagem do jogo propriamente dito para que os indivíduos caso não optem por uma carreira de atleta possam ter os conhecimentos necessários para a vivência dos jogos coletivos esportivizados como possibilidades de suas atividades de lazer, tanto no âmbito da vivência como da fruição (assistência), porém que nesta última forma eles tenham conhecimentos específicos para que os alunos tornem-se espectadores ativos3.


1. Conteúdos do handebol

Os conteúdos específicos do handebol podem ser classificados em: progressões, fundamentos, táticas individuais ofensivas, táticas individuais defensivas, táticas coletivas ofensivas, táticas coletivas defensivas, os postos específicos ofensivos e os postos específicos defensivos. Porém as propostas didáticas do método parcial apresentam apenas os fundamentos e as progressões, como conteúdos do handebol.

Progressões - são quase todos os deslocamentos feitos com ou sem a posse da bola. Com a posse da bola ele pode ser realizado através de um, dois ou no máximo três passos em qualquer direção ou mesmo sem deslocamento. Lembramos que um passo no handebol é dado toda vez que se levanta um dos pés do chão e se torna a colocá-lo (apoiá-lo).


2. Os fundamentos do handebol

São movimentos fundamentais do handebol que são executados segundo um determinado gesto técnico que é a forma "correta" de execução de um movimento específico, descrito biomecanicamente. Por exemplo: O gesto técnico do passe de ombro no handebol - é a execução desse tipo de passe com o menor desperdício de energia, com a maior rapidez e velocidade, portanto com maior eficácia.

A seguir descreveremos os diversos fundamentos do handebol.

Empunhadura - é a forma de segurar a bola de handebol com uma das mãos. A mesma deve ser segurada com as falanges distais dos cinco dedos abertos e com a palma da mão em uma posição ligeiramente côncava.

Observações: os dedos devem abarcar a maior superfície possível da bola, os dedos devem exercer uma certa força (pressão) na bola para que ela esteja bem segura. Sendo que a pressão exercida pelos dedos polegar e mínimo é muito importante para o êxito da empunhadura.

Recepção - Deve ser feita sempre com as duas mãos paralelas e ligeiramente côncavas voltadas para frente. Recentemente os atletas utilizam-se comumente também da recepção com uma das mãos. Então, apesar da literatura específica sobre o método parcial haver considerado esse uso habitual recente como um erro, a prática atual e sua eficiência em diversas situações têm nos dado os elementos necessários para indicarmos o ensino e treinamento da recepção com uma das mãos como um elemento necessário para o jogo de handebol. A recepção pode ser classificada em: alta, média e baixa dependendo da altura que a bola seja recepcionada.

Passes - São movimentos que permitem a bola ir de um jogador a outro, desta forma ele necessita sempre da interdependência de no mínimo duas pessoas. Os tipos de passes podem ser classificados da seguinte maneira:

*

Passes acima do ombro: podem ser realizados em função da trajetória da bola para frente ou oblíquo, sendo que ambos podem ser: retificado ou bombeado.
*

Passes em pronação: lateral e para trás.
*

Passes por de trás da cabeça: lateral e diagonal.
*

Passes por de trás do corpo: lateral e diagonal.
*

Passe para trás: na altura da cabeça com extensão do pulso.
*

Passe quicado: quando a bola toca o solo uma vez antes de ser recepcionado pelo companheiro, nesse tipo de passe a bola é atirada ao solo em trajetória diagonal.

Greco & Ribas (1998) apresentam o passe em trajetória parabólica.

Nem todos os passes acima descritos foram apresentados pela literatura específica do método parcial do ensino do handebol. A literatura apresentava até meados de 1990 apenas os seguintes tipos de passes no handebol: acima do ombro, por trás da cabeça - sem as classificações em função de trajetórias, por trás do corpo - também sem as classificações em função de trajetórias e o passes quicado. A respeito do passe de ombro, a literatura não incluía os passes retificado e bombeado como uma variação do passe de ombro.

Arremesso - É um fundamento realizado sempre em direção ao gol. A maioria dos arremessos pode ser denominada "de ombro" e seguem basicamente a mesma descrição de movimento a seguir - a bola deve ser empunhada, palma da mão voltada para frente, cotovelo ligeiramente acima da linha do ombro, a bola deve ser levada na linha posterior a da cabeça e no momento do arremesso ser empurrada para frente com um movimento de rotação do úmero.

Os arremessos podem ser classificados em função da forma de execução:

*

Com apoio - significa que um dos pés do arremessador ou ambos esteja(m) em contato com o solo.
*

Em suspensão - significa que no momento do arremesso não há apoio de nenhum tipo do arremessador com o solo.
*

Com queda - significa que após a bola ter deixado a mão do arremessador, o mesmo realiza uma queda, normalmente a mesma se dá dentro da área adversária e de frente - arremesso bastante comum entre os pivôs e eventualmente entre os pontas.
*

Com rolamento - significa que após a bola ter deixado a mão do arremessador, o mesmo realiza um rolamento, na maioria das vezes um rolamento de ombro. Este tipo de arremesso é mais comum entre os pontas4 e eventualmente por pivôs. 5

Drible - É o movimento de bater na bola contra o solo com uma das mãos estando o jogador parado ou em movimento.

Ritmo Trifásico - (conhecido entre os atletas como "3 passadas") é considerado pela literatura específica do método parcial como um fundamento onde o jogador dá três passos à frente e em direção a meta adversária com a posse da bola.

Duplo Ritmo Trifásico - (conhecido entre os atletas como "dupla passada") é considerado pela literatura específica do método parcial como um fundamento onde o jogador dá "sete" passos com a posse da bola, sendo obrigatoriamente realizados à frente, da seguinte forma: os três primeiros passos são dados com a posse da bola imediatamente após ter recebido a mesma, e simultaneamente na execução do quarto passo o jogador terá que quicar a bola no solo uma vez, tornar a empunhá-la e dar mais três passos com a bola dominada. Ao final do sétimo passo ele terá obrigatoriamente que passar ou arremessar a bola. A literatura indica que o primeiro passo deverá ser executado com a perna contrária ao braço que realizará o arremesso.


3. O método parcial na fase inicial do procedo de ensino-aprendizagem-treinamento do handebol

Até meados da década de 1990 a literatura sobre os jogos coletivos esportivizados (esportes coletivos) era baseada no princípio analítico-sintético que apresentava como seu principal método de ensino dos esportes coletivos o método parcial. Este surgiu das experiências positivas dos treinamentos de esportes individuais como o atletismo e a natação.

Na época foi a principal proposta de ensino dos jogos coletivos esportivizados, baseando-se no princípio analítico-sintético os autores e estudiosos da área passaram a descrever como deveria ser o ensino dos esportes coletivos. A lógica da proposta partiu da fragmentação dos gestos técnicos do jogo, dividindo-os em partes (fundamentos) e cada uma deles subdividos em movimentos mais simples, desta forma um passe no handebol (por exemplo) deve ser ensinado após o domínio da empunhadura e observando o posicionamento correto de ombro, braço, ante-braço e mãos, assim como o posicionamento das pernas no momento de execução do mesmo. Para que o aluno atingisse a performance sugeriu-se um aprendizado por partes e etapas

... com exercícios que apresentam uma divisão dos gestos técnicos, das técnicas, da ação motora em seus mínimos componentes. O aluno conhece, em primeiro lugar, os componentes técnicos do jogo através da repetição de exercícios de cada fundamento técnico, os quais são logo acoplados a séries de exercícios, cada vez mais complexos e mais difíceis; à medida que a ajuda e a facilitação diminuem, gradativamente aumenta a complexidade e a dificuldade das ações. À medida que o aluno passa a dominar melhor cada exercício, passa-se a praticar uma nova sequência. Estes movimentos já dominados passam a ser integrados em um contexto maior, que logo permitirão o domínio dos componentes básicos da técnica inerente ao jogo esportivo, na sua situação do modelo ideal, orientado ao gesto do campeão, realizando-se, desta forma, o processo de ensino-aprendizagem-treinamento do esporte (Greco, 1998, p. 41).

As aulas ou treinamentos baseados neste tipo de método sempre começam com um aquecimento e na sequência é apresentado normalmente pelo professor o exercício que deve ser feito e repetido até o seu domínio, ao comando também do professor outras propostas de exercícios vão sendo apresentadas por ele. A vivência do jogo propriamente dito fica restrita a alguns minutos finais da aula ou treino, onde são avaliados os gestos técnicos ensinados até o momento. O jogo pode aparecer também em muitos casos como um momento de descontração, pois as séries de exercícios muitas vezes são monótonas e desmotivantes, e nesse caso o jogo livre seria uma forma de "premiação" aos alunos.

Na fase inicial do processo de ensino-aprendizagem-treinamento do handebol não apontamos vantagens (de um modo geral) do uso deste método porque ele não contribui para a formação do "jogador inteligente" e restringe-se apenas a aquisição de gestos técnicos específicos por meio da repetição de movimentos até alcançar-se sua automatização, isso em uma idade em que as crianças deveriam vivenciar o jogo tanto pelas características da infância como pela possibilidade na aquisição de conhecimentos táticos do jogo coletivo (ainda não específicos de um único esporte) que serão importantíssimos nas fases subsequentes do processo de ensino-aprendizagem-treinamento.

O novo conceito de treinamento esportivo prevê o aprimoramento da técnica específica apenas entre as fases de direção e especialização (Greco, 1998, p. 77). Então, nesta fase, os exercícios sugeridos no método parcial poderiam ser bons exemplos no aperfeiçoamento da técnica específica do esporte ensinado.

Porém, é indiscutível que o método parcial: 1. aperfeiçoa a técnica; 2. facilita a aprendizagem das técnicas por meio da fragmentação dos movimentos e pelos níveis de dificuldade; 3. facilita o domínio dos fundamentos pela repetição e automatização dos gestos. No entanto, ele também cria limites como: 1. inibe a criatividade; 2. favorece a imitação; 3. determina as ações; 4. não permite o aprendizado tático do jogo; 6. desmotiva a criança, que é especialista em brincar e fica submetida desde muito cedo a exercícios mecânicos.


4. Propostas de atividades para o ensino do handebol baseada no método parcial

A seguir apresentaremos algumas sugestões de exercícios para o ensino dos fundamentos do handebol seguindo o princípio analítico-sintético do método parcial.

Para iniciar o desenvolvimento de qualquer fundamento com os alunos, é necessário que o professor ou técnico inicialmente explique o que é cada um deles e qual é a forma correta para realizá-lo.


Empunhadura


Exercício 1: Empunhadura Individual


Descrição:

Posição Inicial: Todos os jogadores, livres pela quadra, com bola na mão.

Tarefa: Segurar a bola de forma correta, onde a superfície de contato é realizada pela superfície dos dedos e pela face palmar média da mão.

Variações:

*

Para elevar o nível de complexidade, o aluno deve passar a bola de uma mão para a outra, sem que esta bola escape.
*

Utilizar duas bolas, uma em cada mão.



Exercício 2: Empunhadura em Duplas


Descrição:

Posição Inicial: Em duplas, os jogadores posicionados um frente para o outro, com os braços estendidos a frente do ombro, a uma distância de no máximo 1 metro. Os dois jogadores segurando a mesma bola, utilizando o exercício da empunhadura.

Tarefa: Cada jogador deve utilizar a força na realização da empunhadura para conseguir puxar a bola. Caso algum jogador consiga puxar, retornar ao início do exercício para realizá-lo novamente.

Variações:

*

Utilizar o braço estendidos a frente do abdômen
*

Criar nova posições para o braço que irá realizar a empunhadura.


Passes/recepção


Exercício 1: Passe acima do ombro na parede


Descrição:

Posição Inicial: O exercício será realizado individualmente, ficando o jogador de frente para a parede, a qual realizará o passe.

Tarefa: Lançar a bola contra a parede e recebê-la novamente. Neste momento o professor deve individualmente realizar correções, principalmente sobre a posição do cotovelo, que deve estar ligeiramente acima da linha do ombro.

Variações:

*

Realizar o passe com ambas as mãos, notando a diferença entre as duas.
*

Realizar neste mesmo exercício o passe picado, onde a bola deve bater no solo, depois na parede e retornando à mão do jogador logo em seguida.
*

Determinar alvos na parede (círculos desenhados) para treinar a precisão do passe.



Exercício 2: Passe acima do ombro em duplas


Descrição:

Posição Inicial: O exercício será realizado em duplas. Os jogadores devem se posicionar de frente, um para o outro, à uma distância de aproximadamente quatro metros.

Tarefa: Realizar o passe para o outro jogador e recebê-la novamente. Neste momento o professor deve individualmente realizar correções, principalmente sobre a posição do cotovelo, que deve estar ligeiramente acima da linha do ombro. Como o passe ainda não estará sendo realizado com perfeição, é interessante abordar as formas de recepção, para que o aluno a realize, independente da posição em que ela for recebida(alta, média e baixa).

Variações:

*

Realizar uma série de passes com a mão direita e outra série com a mão esquerda, notando a diferença entre as duas.
*

Realizar neste mesmo exercício o passe quicado, onde a bola deve bater no solo.
*

Aumentar a distância entre a dupla.
*

Determinar o local onde a bola deve ser recepcionada.


Arremesso


Exercício 1: Arremesso com apoio parado


Descrição:

Posição Inicial: Todos os jogadores parados e espalhados atrás da linha de seis metros, de frente para o gol, sem goleiro.

Tarefa: Um aluno de cada vez deve arremessar a bola para o gol.

Variações:

*

Determinar o local para a realização do arremesso (exemplo: ângulo superior esquerdo).
*

Cinco alunos com uma bola distribuídos atrás da linha de seis metros (nos postos específicos ofensivos de pontas e armadores), ao sinal do professor ou técnico, todos devem arremessar a bola ao mesmo tempo.
*

Utilizar uma seqüência, onde cada jogador arremessa por vez, utilizando assim o goleiro.



Exercício 2: Arremesso com apoio com deslocamento


Descrição:

Posição Inicial: Uma coluna de jogadores nas posições do armador central, cada jogador com uma bola.

Tarefa: Realizar o arremesso, de forma livre, sem cobrar o ritmo trifásico. O arremesso pode ser realizado entre os nove e seis metros. Neste momento o professor pode corrigir a posição do cotovelo, bem como do pé de apoio no chão, que deve ser contrário ao braço de arremesso.

Variações:

*

Realizar arremessos alternando os braços.
*

Determinar o local que a bola deve atingir o gol (determinado pela divisão do gol em partes)
*

Aumentar a distância do arremesso, em relação ao gol.



Exercício 3: Arremesso em suspensão


Descrição:

Posição Inicial: Três filas nas posições de armador central, armador esquerdo e armador direito.

Tarefa: Cada jogador deve realizar o arremesso em suspensão. Neste momento o professor não deve interferir na forma de deslocamento do jogador (drible, ritmo trifásico). Ele apenas deve realizar as correções no apoio do pé que irá impulsionar o jogador para o arremesso em suspensão.

Variações:

*

Utilizar um cone (deitado) para o jogador pular durante a fase aérea do arremesso em suspensão.
*

Aumentar a distância do arremesso para o gol.
*

Variar as posições de arremesso, de acordo com a posição inicial.


Drible


Exercício 1: Drible Individual


Descrição:

Posição Inicial: Cada jogador com uma bola, espalhados pela quadra.

Tarefa: Realizar o drible numa seqüência que será descrita pelo professor, ao mesmo tempo em que ele realiza as correções necessárias sobre a posição da mão e do braço em relação a bola.

Variações:

*

A seqüência das variações fará o nível de complexidade crescer da seguinte forma: driblar parado em pé, driblar abaixando-se até sentar, driblar deitado até erguer-se novamente, deslocar-se andando, deslocar-se correndo, realizar paradas bruscas, realizar mudanças de direção e realizar tudo isso com ambas as mãos.


Exercício 2: Drible utilizando cones


Descrição:

Posição Inicial: Uma coluna no final da quadra de frente para uma coluna de cones colocados a diferentes distâncias um do outro.

Tarefa: O jogador deve driblar inicialmente andando e depois correndo, assim como com uma mão e depois com a outra, realizando o deslocamento em zigue-zague entre os cones.

Variações:

*

Diminuir o espaço entre os cones.
*

Fazer o retorno nestes mesmos cones, de costas.
*

Utilizar o contorno (giro em volta do cone) para alguns cones.



Progressão


Exercício: Progressão com 3 passos


Descrição:

Posição Inicial: Vários tipos de materiais posicionados entre a linha de seis metros e a linha de nove metros, entre eles: 3 cordas esticadas, 3 arcos, 3 pés (formato) desenhado no chão, etc.

Tarefa: Os atletas devem realizar uma progressão com três passos para frente utilizando a posição correta dos pés de acordo com os materiais e/ou as sinalizações feitas no chão.

Variações:

*

Realizar três passos andando.
*

Realizar três passos correndo.
*

Estimular um aumento progressivo da velocidade de execução;
*

Aumentar a amplitude das passadas
*

Incluir um salto no final da realização do ritmo trifásico



Ritmo trifásico


Exercício 1: Ritmo trifásico

Descrição:

Posição Inicial: Idem ao exercício anterior, só que com a bola empunhada.

Tarefa: Idem ao anterior, utilizando a bola e uma das mãos.

Variações:

*

Idênticas às do exercício anterior.


Exercício 2: Ritmo trifásico com finalização


Descrição:

Posição Inicial: Idem ao exercício anterior, porém cada jogador com a bola empunhada de frente para o gol, próximo da linha de 9 metros, para realizar o arremesso.

Tarefa: Idem ao anterior e arremessar para o gol.

Variações:

*Aumentar a velocidade de execução.
*Aumentar a distância do gol.


Notas

1.Sobre o tema consultar Reis (1994).
2.Sobre o tema dos mitos e preconceitos em relação a pratica esportiva feminina ver Reis (1996) e Lessa (2003).
3.Conceito de Dumazedier.
4.Por alguns profissionais denominados de alas.
5.Observamos no Campeonado Mundial Juniores Masculino de 2003, realizado em Foz do Iguaçu, o desuso deste tipo de arremesso. Em âmbito de campeonatos internacionais houve nas últimas décadas um incremento nos arremessos com apoio.


Referências bibliográficas

*Greco, Pablo Juan. In: Greco, P.J. & Benda, (orgs.) Iniciação Esportiva Universal: v.1, 1998, pp.
*Greco, Pablo Juan. Revisão da metodologia aplicada ao ensino-aprendizagem dos jogos esportivos coletivos. In: Greco, Pablo Juan. Iniciação Esportiva Universal: v.2, 1998, pp. 39-56.
*Lessa, Eriberto de Moura. As relações entre futebol, lazer e gênero. Campinas: 2003 (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Unicamp.
*Reis, Heloisa Helena Baldy dos. O ensino dos jogos coletivos esportivizados. Santa Maria: 1994 (Mestrado em Ciência do Movimento Humano) - Centro de Educação Física e Desportos, UFSM.
*Fútbol feminino en el país del fútbol: mitos, preconceptos y desafíos: un abordaje cultural. Nexosport, n. 164, nov. 1996.